A alimentação como aliada no combate ao câncer

A nutricionista Camila Mercali explica como a alimentação auxilia na saúde da mulher.

O dia 28 de maio é marcado pelo Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e Dia Nacional de Redução da Mortalidade Materna, e no tange a prevenção às doenças, uma importante aliada é a alimentação.

Conversamos com a doutora Camila Mercali, nutricionista e especialista em saúde da mulher. Ela se aproximou desse campo de estudo ao lecionar. “Desde lá eu tenho dedicado os meus estudos voltados para isso, de como a forma que a nutrição pode trazer essa saúde hormonal. É aquela coisa do corpo são, mente sã. A nutrição não trata tudo, mas sem a nutrição a gente não trata nada”.

Confira como fazer da alimentação uma aliada à sua saúde:

The Feminist Patronum: A alimentação é uma necessidade básica, mas como a nutrição incide de forma prática em nosso cotidiano?

Doutora Camila Mercali: Você pode ter vontade de comer doce, mas é importante comer uma fruta junto. Podemos buscar outras receitas, por exemplo, colocar no microondas uma banana amassada com canela.

Pensamos na dieta como um todo e esquecemos que precisamos construir isso no cotidiano. Não precisa de uma grande variedade de verduras, coma o brócolis, quando acabar compra uma couve-flor. Senão, compramos um monte de coisa que logo vai estragar na geladeira. São pequenas mudanças nos hábitos cotidianos que, com certeza, vão impactar na saúde como um todo.

TFP: Como a alimentação pode ajudar na prevenção do câncer?

Drª Camila: Nascemos com uma predisposição genética que precisa de um terreno fértil para que as doenças se desenvolvam.

A alimentação saudável pode ajudar a prevenir o câncer, mas ela não te isenta totalmente da possibilidade de desenvolver a doença. A questão é que, se a pessoa tem uma alimentação saudável e desenvolve um câncer, a chance de recuperação vai ser melhor do que aquela que não se preocupa.

TFP: Quando temos alterações hormonais, normalmente descontamos em comidas que, por vezes, não são opções muito saudáveis. Existe a possibilidade de nos educar para controle desse impulso?

Drª Camila: É natural as mulheres terem mais vontade de comer doce, podemos aceitar. Negamos essa vontade porque acreditamos que está errado, depois nos culpamos por isso. Mas é importante ter consciência, controlar a quantidade e frequência. Não beliscar durante o dia, preparar um momento para isso, sentar e saborear.

TFP: Ainda nesse aspecto, não falamos de forma muito aberta do próprio corpo. É um tabu?

Drª Camila: A sociedade não fala abertamente sobre a relação da alimentação e a libido, a TPM (Tensão Pré-Menstrual), a menopausa, a endometriose, a síndrome do ovário policístico, porque tudo o que envolve o mundo feminino é tido como “normal”. Por exemplo, diz-se que é normal ter muita cólica, TPM, os calorões da menopausa, isso é comum, mas nem sempre é normal.

A depressão, a ansiedade, a insônia aumenta durante o período do climatério, e a nutrição pode ajudar nesse caminho com a reposição de nutrientes.

TFP: Mulheres gestantes e puérperas têm algum tipo de recomendação específica?

Drª Camila: Essas mulheres precisam de acompanhamento mais de perto em relação ao status nutricional ao longo de toda a gestação. Principalmente, porque no final da gestação temos uma queda hormonal muito brusca.

TFP: Que dicas você pode dar para mulheres periféricas, que às vezes não tem condições para um acompanhamento com uma nutricionista?

Drª Camila: A premissa da alimentação saudável é descascar mais e desembalar menos. É sempre primordial tentar trocar alimentos industrializados por alimentos frescos. A inclusão de comida de verdade, como arroz, feijão, brócolis, banana, as frutas da estação, por exemplo, que são mais baratas e têm menos agrotóxicos, são sempre ótimas opções.