A decisão de Jennette McCurdy de não voltar a interpretar Sam Puckett no revival de “iCarly” pegou muitos fãs que cresceram assistindo ao seriado juvenil na Nickelodeon de surpresa, já que grande parte do elenco aceitou reprisar os papéis no novo projeto. Tempos depois da produção estrear, a atriz surpreendeu o grande público pela segunda vez ao anunciar o lançamento de sua autobiografia, “Estou Feliz que Minha Mãe Morreu”.
Com um título chocante, a artista aparece na capa da obra segurando uma urna pink, repleta de confetes coloridos ao invés de cinzas, pronta para narrar sua experiência de ter sido uma estrela-mirim em Hollywood, relata o cenário competitivo no estúdio de TV, e como foi sofrer anos de abuso físico, psicológico e emocional pela mãe.
Em “Estou Feliz Que Minha Mãe Morreu”, Jennette conta que foi preciso muitos anos de terapia para que se sentisse confortável para revisitar suas memórias e o resultado foi um livro best-seller. Logo no início da obra, a artista deixa explícito que nunca quis ser atriz, mas desde seu primeiro teste, aos 6 anos, estava disposta a fazer qualquer coisa para realizar o sonho da mãe e deixá-la feliz. E não só isso, ela também sofria as manipulações psicológicas continuar na carreira pelo bem da família.
Com essa mesma motivação, ela entrou junto como mãe em uma “restrição calórica”, comendo pouco e pesando-se cinco vezes por dia, sofreu procedimentos estéticos “caseiros”, deixou que tingissem seus cílios e chegou a ser banhada pela mãe até os dezesseis anos junto com os irmãos.
O comportamento controlador e manipulativo da mãe afetou várias áreas da vida de McCurdy durante toda adolescência e vida adulta. Ela não conseguia ter um amplo grupo de amigos, estudava em casa, não tinha uma relação próxima com os irmãos, os avós e o pai. No estúdio, as coisas não eram tão diferentes. A rivalidade era instigada e a mãe estava sempre por perto enfatizando como ela era sua verdadeira melhor amigas.
A enfim chegada da fama e o sucesso do seriado “iCarly” deixou a mãe em completo êxtase, enquanto a atriz sentia muita ansiedade, vergonha e autoaversão. Tudo isso desencadeou distúrbios alimentares, vícios e também relacionamentos tóxicos enquanto ela tentava assumir um controle criativo maior em seus projetos. Os problemas de saúde pioraram quando ela estrelou o spin-off “Sam & Cat”, ao lado de Ariana Grande, e sua mãe morreu.
O livro é forte e pensar em como todos os horrores que aconteciam na vida da atriz enquanto o público se divertia assistindo a artista na TV torna a leitura ainda mais difícil. O relato é franco, sem rodeios e brutal. O texto conta também com diversos gatilhos para abusos físicos e transtornos alimentares.
Espere por um livro pesado e chocante, que fala como foi para Jennette McCurdy crescer como uma estrela-mirim e tudo o que precisou enfrentar para chegar à fama. Somente após descobrir a terapia e parar de atuar, ela embarcou em seu processo de recuperação e pode decidir, pela primeira vez, o que realmente queria para sua vida e carreira, podendo finalmente ser uma escritora como sempre sonhou. Uma liberdade e independência que só conquistou após a morte da mãe.
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