Crítica | The Boogeyman – Seu Medo é Real

The Boogeyman é uma adaptação do conto homônimo de Stephan King, narrando o misterioso assassinato de seus filhos que na hora da morte, choravam com medo do bicho-papão. Essa adaptação dirigida por Rob Savage protagoniza Sadie Harper, uma adolescente de luto pela morte repentina de sua mãe e a mudança brusca de rotina com seu pai e sua irmã mais nova. Aos poucos, a família de Harper percebe uma presença sinistra na casa que os persegue incansavelmente. 

The Boogeyman – Seu Medo é Real é aquele tipo de terror que diz mais no seu subtexto do que em diálogos. Assim como It – A Coisa retrata o medo e a irracionalidade, The Boogeyman retrata o luto só que, diferente de obras como The Babadook, que alternam entre uma ameaça psicológica com consequências palpáveis, a proposta aqui é o de tornar a ameaça real através de eficazes cenas aterrorizantes. Contudo, a atmosfera do longa carece do apelo psicológico com que gera o horror no espectador, tornando-se um genérico filme com jumpscare.

A produção traz nomes com bagagem no terror como Scott Beck e Bryan Woods (co-roteiristas de Um Lugar Silencioso) no roteiro, além de Mark Hayman (co-roteirista de Cisne Negro), o cinematógrafo Eli Born (Hellraiser: Renascido do Inferno) e Rob Savage na direção, cujo trabalhos anteriores também são do gênero. É por isso que se tratando de aspectos técnicos, The Boogeyman obtém êxito na direção de fotografia que explora cantos escuros, luzes baixas e – o meu favorito – silhuetas macabras. De fato, o longa carrega uma estética chamativa e peculiar, no entanto, se tratando de narrativa, acaba sendo mais do mesmo. 

Logo na premissa, é abordado a concretização do monstro, em contraponto ao conto que não é tão óbvio em sua conclusão. Ao passo que o bicho-papão toma uma forma na escuridão, sua aparição envolve questões psicológicas e emocionais, algo que poderia ter sido melhor explorado. O luto da família junto com a falta de comunicação do pai – não ironicamente, psicólogo – e as filhas não se conecta com a crescente ameaça do bicho-papão. Ameaça essa que amedronta, mas não ladra.

Por fim, com a pouca atmosfera de terror, o final soa letárgico. Mesmo que a intenção seja boa, de deixar a pulga atrás da orelha, mesmo que traga um desempenho genérico, The Boogeyman carrega boas atuações, principalmente da atriz mirim Vivian Lyra Blair (sou fã desde que ela interpretou a princesa Leia em Obi-Wan Kenobi) e a protagonista Sophie Tatcher. Chris Messina entrega um bom terapeuta que não consegue falar de seus próprios problemas

Em suma, The Boogeyman tinha tudo para ser um bom filme de terror acima da média, mas faltou coerência nos seus arcos dramáticos e, principalmente, o horror.