K-pop Demon Hunters – O musical de K-pop que você precisa ver

K-Pop Demon Hunters, ou Guerreiras do K-Pop em português, é a mais recente animação disponível na Netflix. Feito pelo estúdio Sony Pictures Animation, responsável por títulos como Homem-Aranha no Aranhaverso e Hotel Transilvânia, e sob a direção de Maggie Kang e Chris Appelhans, K-Pop Demon Hunters carrega um elenco asiático talentoso tanto na dublagem quanto no canto, assim como musicas baseadas no estilo tão característico do K-pop. A premissa é simples: Rumi, Zoey e Mira formam o grupo Huntrix, um trio de k-pop cujo as vozes protegem os fãs de seres malignos. Em contrapartida, surgem os Saja Boys, um grupo masculino de demônios para combater as Huntrix. E assim nasce um musical delicioso de acompanhar.

Com o sucesso de Homem-Aranha no Aranhaverso, a indústria da animação passou por uma reformulação em estilo e narrativa, colocando a tão tradicional formula Pixar/Disney para trás. Até estúdios como a DreamWorks abraçaram a inovação no traço com O Gato de Botas, isso gera uma mudança de perspectiva e abre espaço para novas formas de animação cheguem até o grande público. Recentemente, vimos o sucesso de Flow, uma animação gerada pelo Blender, e Robô Selvagem, também da DreamWorks, expandindo novas formas e traços, combinando elementos 2D e 3D. A melhor parte da animação é que tudo é possível, nada precisa se prender a realidade – é por isso que somos apresentados a ideias fantásticas que muitas vezes não são possíveis em live action e isso não é um demérito.

K-pop Demon Hunters é uma roupagem ousada numa execução simples, mas ela só funciona por ser uma animação. Quando artistas criativos no âmbito visual, musical e cinematográfico se juntam, temos surpresas positivas como essa: um musical de k-pop sobre guerreiras destruidoras de demônios. Quem diria que a influência sul-coreana daria margem a abordagens diferentes no ocidente? Afinal, com a injeção da cultura sul-coreana no nosso cotidiano, nossa maneira de visualizar a arte, padrão de beleza e entretenimento muda. Claro, uma mente fechada, muitas vezes com uma heterossexualidade frágil ou até um racismo velado, pode não compreender a mudança significativa que têm ocorrido com a influência asiática no entretenimento.

De qualquer forma, K-Pop Demon Hunters reúne artistas gráficos extremamente talentosos que construíram um universo novo para o k-pop. A explosão de cores do filme te prende do começo ao fim numa aventura desapegada da realidade. O trio de cantoras é uma ótima amostra de protagonismo feminino, cada uma no seu estilo, com sua personalidade, suas cores, mas ainda carregando uma grande mensagem: amizade e aceitação. Rumi é a líder que vive o fardo de viver nos dois mundos, uma guerreira e um demônio ao mesmo tempo. A medida que ela se esconde, o seu próprio poder se apaga; o mesmo poder que seria capaz de sumir com o seu lado de demônio. O k-pop é muito marcado pela presença dos grupos femininos e o filme segue a inspiração, nos presenteando com musicas cativantes e mensagens de acordo com a fase vivida pelas membros do Huntrix. É nítido o cuidado em criar essas heroínas únicas que fujam do formato padrão criado pelo ocidente.

Outro ponto que vale mencionar é como a animação conseguiu integrar conceitos místicos da demonologia com lado musical despretensioso. Quando os Saja Boys surgem, o grupo rival masculino formado por demônios, e os momentos icônicos que tornam os doramas tão únicos no audiovisual são revividos pelos dois grupos, é impossível não pensar no valor cultural de Kpop Demon Hunters. Bem como sua repercussão pela Coreia do Sul demonstra inúmeros idols recriando as coreografias do filme. Ainda assim, Kpop Demon Hunters não esconde o que é: uma animação de comédia simples e bem executada.

É um filme divertido, enérgico, ambicioso e muito, muito colorido, que facilmente pode se tornar uma franquia dentro da Netflix. Kpop Demon Hunters certamente é uma animação que vale a pena conferir!