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Crítica | Areia Movediça

Baseada no best-seller escrito por Malin Persson Giolito, o serviço de streaming da Netflix lançou a série sueca Areia Movediça. Os 6 episódios mostram a vida da adolescente Maja Norberg antes e depois de um massacre na Escola de Ensino Médio Djursholm.

Maja (Hanna Ardéhn) é uma menina de 18 anos de uma família privilegiada, que tem boas notas e que é um exemplo de filha. Sebastian (Felix Sandman) é um menino carismático e rico, mas que mostra, ao longo da série, vários problemas de comportamento. Quando eles se encontram, Maja é arrastada para o mundo de luxúria e das drogas de Sebastian e acaba se envolvendo em um relacionamento abusivo que muda sua vida.

A história acontece sobre duas linhas narrativas, passado e presente. No decorrer dos 6 episódios, são mostrados os momentos após a tragédia, com flashbacks que contextualizam o espectador sobre o envolvimento de Maja no massacre. Todo um mistério é construído em torno dessa narrativa e a verdade só é revelada no último episódio.

É interessante como a série aborda o relacionamento abusivo no ambiente familiar e nas relações amorosas. Diversas vezes, Maja percebeu que alguma coisa estava errada com Sebastian, mas não conseguia sair do relacionamento porque sentia-se responsável por ele. Ela mudou seu estilo de vida, se anulou de todo seu círculo social e passou a viver em função do namorado, que, diversas vezes, a menosprezou e botou a culpa na relação turbulenta que tinha com o pai.

No decorrer dos eventos, foi mostrado que o meio em que você está inserido te influencia a cometer barbaridades, mas sem isentar as personagens da culpa. A atuação de Hanna Ardéhn mostrou com perfeição a transformação da menina que era adorada para a menina que sofreu abuso psicológico e se envolveu em um caso de homicídio.

Além de denunciar o relacionamento abusivo, assuntos importantes como espetacularização das tragédias por parte da mídia, imigração, drogas, tentativa de suicídio, depressão, xenofobia e abuso sexual e psicológico são abordados de uma forma que leva o espectador a refletir sobre tais problemáticas.

Uma das falhas no roteiro foi a abordagem jurídica. Desde o momento do atentado até o julgamento, todas as pistas apontam para a culpa da personagem principal. No entanto, em uma reviravolta sem muita explicação, o julgamento é decidido com o depoimento de um sobrevivente do atentado que mente, pelo que é entendido, para alimentar uma vingança pessoal contra Maja, deixando em cheque o profissionalismo da promotora do caso. A estudante é inocentada com a justificativa de que “não existem provas suficientes para a condenação” e tudo termina com um final feliz.

Outra falha é a banalização do motivo do crime. Apesar de mostrar ter problemas psicológicos, não foram apresentadas razões para que Sebastian realizasse o massacre. Foi tudo repentino e frustrante. Nada justifica o tiroteio na escola, até porque todos que ele matou eram seus amigos.

Apesar da série abordar temas sensíveis de forma superficial, Areia Movediça cumpre o que propõe e apresenta elementos da narrativa que intrigam o espectador. Há a possibilidade de ter uma 2ª temporada voltada para a vida de Maja e as dificuldades que ela enfrenta após ser inocentada. Vamos aguardar!

A Netflix assume a responsabilidade de informar o espectador, no início do primeiro episódio, sobre as cenas de violência escolar, abuso sexual e uso de drogas, que podem incomodar. A série não é recomendada para pessoas que tenham qualquer tipo de abalo psicológico.

‘Areia Movediça’ já está disponível na Netflix.

Texto por Mariana Iuata

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