“Violência obstétrica”, é um termo sem credibilidade no Brasil, porém pode ser considerado uma das maiores desumanizações que as mulheres, infelizmente, são suscetíveis a receber.
Essa violência não acontece somente no momento do parto, quando a mulher é forçada à uma cesárea sem necessidade, ou é insultada em um de seus momentos mais frágeis no ciclo de vida reprodutiva. Algumas sofrem abusos sexuais durante o pré-natal, e outras são proibidas de levar acompanhantes para a sala do parto, o que inclusive, é previsto por lei. Também não podemos esquecer do uso do fórceps, e da episiotomia (corte na vagina para o bebê “sair com maior facilidade”), necessária apenas para a minoria dos partos.
Esses são apenas alguns dos inúmeros exemplos de violência obstétrica no país, que insiste em negar a existência de um fenômeno que deixa marcas tão negativas na vida de tantas mulheres, principalmente negras e periféricas. Diante dessa situação, somos obrigadas a encarar as faces do patriarcado, que nos insere na cultura de “ser mãe é padecer no paraíso” e “toda mulher nasceu para ser mãe”, que impõe à essas mulheres que esse tipo de tratamento é aceitável, e muitas vezes não se dão conta no quanto foram maltratadas nesse processo, considerando-o perfeitamente normal.
Entretanto, nem todas as mulheres se comportam da mesma maneira. Como resultado disso, algumas demonstram atitudes semelhantes à de vítimas de estupro, passando a rejeitar o próprio corpo, temer relações sexuais, pavor de uma nova gestação ou ansiedade por outra, na tentativa de substituir as antigas memórias traumáticas.

Como se não bastasse, em maio desse ano, um despacho do Ministério da Saúde, orienta a abolição do termo “violência obstétrica” no uso de políticas públicas. O veto foi defendido por acreditar que a expressão “tem conotação inadequada, não agrega valor e prejudica a busca do cuidado humanizado”. Tal veto deslegitima as lutas das feministas a favor de partos mais humanizados para todas e outras pautas em relação a esse problema, como também o uso da expressão “violência obstétrica”, que mesmo com essa tentativa, não pode ser escondida, pois continuará existindo nas atitudes de profissionais da saúde.
Por isso, devemos continuar lutando. Por nós e por outras. Devemos sempre nos manter informadas sobre o que é a violência obstétrica, e procurar denunciá-la em todos os meios possíveis.

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