Anúncios

Conhecendo Tonya Harding

Você sabe quem é Tonya Maxene Harding? Pode ser que você não conheça sua história, mas saiba que se trata de um dos maiores dramas no mundo dos esportes que os Estados Unidos já vivenciou. Nascida em 12 de novembro de 1970, em Portland, no estado de Oregon, Tonya foi campeã do Campeonato Nacional Americano e conquistou medalha de prata no mundial de 1991. Harding foi a segunda mulher no mundo e primeira americana a reproduzir o “Triple Axel”, salto aclamado na patinação artística.

Tonya foi exposta à uma vida abusiva desde muito cedo, principalmente dentro do próprio lar, onde sua mãe, LaVona Golden, e seu irmão, eram seus principais agressores, e além disso, teve que conviver com a separação dos pais, que ocorreu ainda em sua infância. Afirmou em algumas entrevistas que concedeu, que não possuía amigos na escola ou no ringue, já que sua mãe afastava a maioria deles porque era absurdamente competitiva e imaginava que se possuísse amigos, seu desempenho na patinação seria prejudicado. Em nenhum momento LaVona reconhece seu relacionamento com a filha como abusivo, e acredita que estava fazendo um grande sacrifício por ela e sendo uma boa mãe.

Com 15 anos, Harding conhece Jeff Gillooly, que se tornou seu namorado, e futuramente seu marido. É válido ressaltar que, Tonya casou muito cedo (tinha apenas 19 anos), com o objetivo de fugir da realidade tão ruim que presenciava em casa e dos abusos e agressões que sofria, tanto psicológicas quanto físicas, além de abusos sexuais do irmão.

Entretanto, a vida de Tonya não mudou tanto assim. Enquanto viveu com Jeff, sua vida continuou praticamente do mesmo jeito: abusos psicológicos, socos, puxões de cabelo, ameaças de morte se ela o deixasse. Em 1993, os dois se divorciaram, e ela ainda voltou para casa outras vezes, acreditando em uma reconciliação, mesmo com diversas intervenções policiais e ordens de afastamento. Infelizmente, o abuso era o amor que Tonya conhecia.

Nas competições, Tonya não recebia as melhores notas. Isso acontecia porque os jurados a consideravam como pouco elegante, com comportamento grosseiro para uma patinadora e a julgavam pelas roupas confeccionadas em casa e músicas escolhidas para se apresentar, que não seguiam a linha clássica. Ao receber notas baixas em uma de suas apresentações, Tonya confronta a bancada, que deixa claro que suas maneiras são o problema, e que ela não era o rosto que os Estados Unidos queria para representar sua patinação artística.

Mesmo entre tantas dificuldades, Tonya tenta chegar às Olimpíadas de 1994, e durante sua preparação, recebe ameaças de morte, o que fazem ela e Jeff pensar que vieram de sua principal oponente, Nancy Kerrigan. Decidem então, retribuir o susto, porém nesse momento, cada um dá uma versão diferente dos fatos. Tonya diz que sabia apenas de “cartas que seriam enviadas à Nancy”, enquanto Jeff se junta a seu amigo Shawn Eckardt, que contratam um homem para agredir a rival, alegando que a ex-esposa estava ciente. O homem contratado bate no joelho de Nancy com um bastão.

A lesão acabou não sendo tão grave, Nancy conseguiu se recuperar e ir às Olimpíadas, e ficou em segundo lugar, enquanto Tonya ficou em oitavo. Esse foi o momento mais conturbado de sua vida, e sua popularidade cresceu de maneira exacerbada.

Jeff Gillooly fez um acordo para testemunhar contra a patinadora e livrou-se da história com 18 meses de detenção — os outros envolvidos também cumpriram penas curtas. Ela, que sempre negou conhecer o plano, declarou-se culpada para escapar a uma possível passagem pela prisão e acabou banida por toda a vida de todas as competições de patinação. Tonya Harding foi a única impossibilitada de regressar à sua vida. Afastada das pistas de gelo, foi boxeadora, porém não se adaptou. Hoje, Harding vive no Estado de Washington com seu novo marido e filho, e colaborou na produção de Eu, Tonya  através dos seus depoimentos.

Tonya Harding não cresceu num ambiente adequado. Seu relacionamento amoroso sequer aliviou as questões que teve em casa. Sua carreira profissional também não foi construída de maneira fácil, além de ser humilhada em diversos momentos. É claro que não foi ético de sua parte concordar com o ex-marido em assustar a rival, mas é questionável o fato de como o caso foi resolvido para os homens envolvidos, e para ela, mulher. A mídia também foi cruel, criando uma imagem péssima da ex-patinadora, fazendo as pessoas “esquecerem” de como ela era incrível no que fazia e mancharam ainda mais sua imagem. Os homens saíram ilesos. O machismo, juntamente com uma justiça falha e uma mídia maldosa, foram responsáveis por destruir sua carreira, além de tirar algo que ela amava, a patinação. De fato, sua vida nunca mais foi a mesma.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Anúncios

Site desenvolvido com WordPress.com.