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Crítica | Emma (2020)

Um dos clássicos de Jane Austen, uma das grandes precursoras de obras literárias que abordam temas feministas em romances quando o tema não era sequer debatido, retorna às telonas. Agora com Anya Taylor-Joy (que está no elenco de Novos Mutantes), uma das atrizes mais promissoras de Hollywood, como protagonista, traz o charme da doce megera do romance.

Baseado no romance publicado em 1815, Emma vai acompanhar uma jovem entediada usando suas habilidades e conhecimentos para manipular os acontecimentos da pacata cidade da Inglaterra, a fim de se distrair formando casais, que ela considera ideias. Relutante as ideias de ceder aos destinos matrimoniais que todas as garotas estão prometidas, ela usa grande influência na sociedade para se entreter com os sentimentos das pessoas, especialmente os de sua amiga, a doce e ingênua Harriet (Mia Goth).

A sátira aos costumes da época, aposta num formato novelesco para acompanhar o estilo elitista dos personagens mais ricos do local. Em seu longa de estreia, a diretora Autumn de Wilde soube dosar para que não parecessem caricatos demais, conseguindo evidenciar as características que humanizasse a história. É interessante observar a forma como cada um eles se movimenta enquanto conversam, de forma rítmica, quase como estivessem em uma dança com passos decorados. O ritmo acompanha os princípios dramáticos dos personagens, destacando o distanciamento entre eles e chamando atenção também para a fotografia das cenas, vestígio do olhar da cineasta, que também é fotógrafa.

Anya se encaixa perfeitamente no papel da protagonista egoísta e arrogante, que apresenta e convence, sem exageros, em seus discursos manipulativos e cheios de antipatia escondida. Desta forma, a protagonista não passa por jornada de amadurecimento ou transformação, mas de autoanálise e de reconhecer que suas atitudes, pouco a pouco, destrói autoestimas e afasta as pessoas mais queridas e prejudicando a si mesma.

A adaptação roteirizada por Eleanor Catton, se concretiza como uma leve e divertida adaptação do clássico, funcionando bem para quem não conhecia de fato o livro de Austen, que já foi retratada outras quatro vezes ao longo dos anos, inclusive em 1992, no longa estrelado por Gwyneth Paltrow. No entanto, para quem já conhece o clássico, o carisma de Taylor-Joy não conquista com a mesma rapidez e eficácia de Cher Horowitz (Alicia Silverstone), na famosa releitura clássica lançada em 1995, As Patricinhas de Beverly Hills.

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