Publicado em 2019, o livro foi escrito pela filosofa política Djamila Ribeiro, como forma de apresentar fatos a partir de dados (estatística) e história, para que repensemos nossos atos e pensamentos que, mesmo não dando conta, são racistas. O guia é curto e de fácil leitura, e a autora também aborda que não relatou todas as informações que julga importantes, mas traz conteúdo suficiente para que possamos ter dimensão do que uma sociedade racista pode gerar.

Escrito em primeira pessoa o livro inicia com análises, Djamila nos coloca para pensar e enxergar o mundo à nossa volta, os estereótipos que são impostos em nós e que tomamos como verdade absoluta. Por exemplo, conta que não via problema em ser negra e se sentia amada por aqueles que convivia, até entrar na escola, aos 6 anos. “‘Neguinha do cabelo duro’, ‘neguinha feia’ foram alguns dos xingamentos que comecei a escutar”. O mais preocupante nisso é o quão cedo as pessoas são submetidas à este tipo de preconceito.
Os capítulos vão evoluindo de forma são apresentadas frases comumente ditas e repetidas, mas o teor racista delas muitas vezes não são nem percebidos por quem diz. Além disso, é tão instaurado que negros são “seres inferiores”, buscamos nos adequar ao “normal”, a buscar características que nos tornará mais próximos à pessoas brancas. Apresenta também o quanto adjetivos e negritude são opostos. “[…] não se usa “o brancão” para falar de homens brancos, – ou elogiar alguém dizendo “negro de alma branca”, sem perceber que a frase coloca “ser branco” como característica positiva.”
Relacionar elogios à pessoas negras também têm outro lado quando se refere às mulheres: o sexismo. No contexto histórico, mulheres negras eram constantemente estupradas pelos senhores de engenho e, com o passar do tempo, a imagem de “pessoa fácil” foi instaurada,
a “negra gostosa que é boa de cama e sabe sambar”. Djamila conta de passagens que viveu durante a faculdade de filosofia. “Por que você, uma negra bonita, está queimando seus neurônios estudando filosofia?”. Atitudes assim são mais frequentes do que possamos imaginar.
Saindo da parte reflexiva, são apresentadas políticas educacionais que defendem maiores oportunidades para pessoas negras. Junto à isso são colocados dados e quadros de violência, justificando a necessidade delas. O livro é recente, portanto os dados são os mais atuais dos grandes centros de pesquisa.
A deixa destes dois primeiros momentos para iniciar o meio-fim do livro é um convite para mudança. Perceber seu ambiente de trabalho, respeitar a apropriação cultural, ler e acompanhar trabalhos de autores negros, entre outros. Djamila deixa uma lista de nomes e breves resumos de escritores, pesquisadores e referências bibliográficas que utilizou para escrever o manual e que são importantes para possamos aumentar ou iniciar nosso repertório de referências negras.
O racismo é real, não um conto de fadas, e se você fala que ele não existe, que foi abolido junto com a lei Áurea em 1888, você está contribuindo para a permanência dele. Peço que leia este livro, para esclarecimento e compreensão da causas antirrascista. Como mencionado no início do texto, O Pequeno Manual Antirracista é um livro de fácil compreensão e uma ótima opção para todos que desejam contribuir com a causa.
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