Eleanor & Park é um livro apaixonante da forma mais dura, real e autêntica possível.
Nele, você não se apaixona pela descrição de uma aparência deslumbrante ou pela descrição de uma vida que qualquer um gostaria de ter. Muito pelo contrário… em uma situação improvável, de forma natural e em meio ao caos da vida, um amor nasce, repleto de descobertas, sarcasmo e gosto geek.
O livro foi escrito pela autora estadunidense Rainbow Rowell e chegou ao Brasil em 2014.
A história é contada ora pela perspectiva de Eleanor, ora pela de Park, dois adolescentes de 16 anos… Ela é uma garota impopular, fora de qualquer padrão de beleza, usa roupas julgadas como esquisitas, vive em estado de pobreza e precisa lidar com o comportamento abusivo de seu padrasto.
Em contrapartida, Park é um menino com uma família bem estruturada, tem descendência asiática e uma popularidade ok na escola.
Apesar da perspectiva de Park ser presente e importante, Eleanor é a protagonista da história, pois, a vida que ela leva é repleta de dificuldades e questões que podemos refletir sobre como são reais na vida real e o romance com Park parecia algo improvável.
Sobre o enredo de forma resumida (e sem spoiler, juro)… tudo começa em um cenário comum, no ônibus para a escola que, quando Eleanor entra, automaticamente é analisada, julgada e vítima de bullying pelos colegas, entretanto, um garoto deixa que ela se sente ao seu lado.
Isso se repete pelos próximos dias, sendo o garoto em questão o Park, que costumava ler gibis como Watchmen e X-men, os quais Eleanor começou a ler sorrateiramente ao lado dele no ônibus.
Os dois não se tornaram amigos ou apaixonados à primeira vista, aliás, todo o contexto em que estavam inseridos, com as diferenças sociais como um todo, pareciam mantê-los automaticamente distantes, porém, Park levou uma pilha de gibis para Eleanor e o romance dos dois começou a nascer, mas não se engane, não foi uma história linda em que os únicos problemas eram sobre o próprio relacionamentos deles.
O enredo é repleto de sarcasmo e pensamentos de ambos sobre as situações que vivem e, especialmente, um sobre o outro. Eles precisaram encarar suas enormes diferenças, a aprovação dos pais de Park, manter segredo da família de Eleanor e lidar com um bullying muito forte e característico dos anos 80.
Mais do que isso, quando analisamos Eleanor de forma individual, não tem como fechar os olhos para uma realidade muito dura. Seus pais são separados e sua mãe se casou novamente com um cara extremamente agressivo, com problemas alcoólicos e que fazia Eleanor, sua mãe e irmãos viverem da forma que ele queria, sem privacidade, controlando a vida das mesmas… esse cenário é muito presente na narração dos dias de Eleanor e é um fator decisivo no desfecho da história.
Acredito que esse seja um dos pontos mais marcantes de quando li. Sempre que leio algum livro, busco tirar uma lição e análise dele como um todo e os problemas familiares de Eleanor são muito críticos e impactam muito na vida da garota.
No meio disso tudo, Eleanor e Park encontram espaço para o amor, para conhecerem um ao outro, seus medos, receios e inseguranças, eles aprendem juntos e isso é perceptível na narração dos momentos deles dois, mesmo em meio ao caos dos acontecimentos.
Eu, pessoalmente, sofri com o final. Porém, se fosse diferente, talvez não tivesse sido tão leal aos aspectos difíceis de uma vida real.
- Capa comum: 360 páginas
- Editora: Seguinte (29 de junho de 2020)
- Idioma: Português
- Autora: Rainbow Rowell
- Compre a edição rosa aqui. Compre a nova edição com brinde aqui.
É realmente desafiador fazer uma resenha deste livro, considerando tudo que ele abrange e como considero especial a leitura dele, de toda forma, realmente recomendo pois é uma experiência única.
E, por fim, vou deixar um pequeno trecho da perspectiva de cada um e espero que seja mais um incentivo para a leitura deste livro.
“Eleanor – Na primeira vez em que ele pegou na mão dela, foi tão bom que as coisas ruins se afastaram. Essa sensação boa foi muito mais forte do que qualquer dor.”
“Park – Os cabelos de Eleanor pareciam arder em chamas ao nascer do sol. Os olhos dela eram negros e brilhantes, e os braços dele a mantinham em segurança. A primeira vez em que a tocou, ele soube.”
Deixe um comentário