Há quem acredite nos primeiros minutos que Normal People se trata apenas de um romance clichê, que mostrará uma mocinha apaixonada pelo astro do time de futebol da escola. É também. Mas vai muito mais além disso.
Baseada no romance homônimo de Sally Roodney, a série do Hulu que estreou no Brasil pelo streaming da Starzplay, acompanha os encontros e desencontros de um jovem casal se apaixonando durante diversas fases da vida de forma sensível e real. Descartando o título de mocinha invisível, Marianne (Dayse Edgar-Jones) é complexa, inteligente, e também sarcástica, do tipo que não gosta de levar desaforo para casa, – nesse caso, para sua mansão – que se destaca na pequena cidade de Sligo, na Irlanda.
Já Connell (Paul Mescal) é o cara adorado por todos da escola. Embora seja muito popular, sua prioridade são os estudos para ganhar uma bolsa na faculdade. Quando a mãe do jovem passa a trabalhar na casa de Marianne, a situação muda. Nesse novo ambiente, os dois percebem que possuem mais coisas em comum do que imaginavam.
Como muitos relacionamentos adolescentes, eles se aproximam sem muita pretensão e passam a se relacionar escondido fora da escola. Quando a paixão começa a falar mais alto e os planos para o futuro, como estudar na faculdade Trinity College, em Dublin, se entrelaçam, se torna insustentável viver um amor nas sombras por medo do que as pessoas vão pensar.
O grande diferencial da série, que contribui para a trama seja um sucesso e tenha conquistado o público tão rapidamente, é o fator do tempo. Ao longos dos 12 episódios é possível acompanhar o amadurecimento dos personagens e como suas primeiras experiências, o bullying na escola, os problemas de familiares de Marianne, os financeiros e amizades de Connell moldaram suas personalidades e interferem em como eles vão se relacionar com outras pessoas dali em diante.
Como muitos relacionamentos adolescentes, a falta de maturidade e de expressar os próprios sentimentos, causa mais de uma vez, o rompimento do “namoro”, mas a conexão criada pela intimidade de corpo e alma, sempre volta a unir os dois.
Mesmo com as cenas beirando ao explícito, nada está ali de forma totalmente gratuita ou com o intuito de sexualizar os jovens, como é feito em algumas séries “teens” como Elite e Riverdale. É essa intimidade que, intercalada com o roteiro escrito pela própria autora, se torna a peça chave para mostrar, longe do olhar hollywoodiano sob a produção da BBC, que o relacionamento “normal” é cheio de imperfeições, mas que o amor e a parceria cultivada é capaz de resistir ao tempo, estando eles juntos ou não.
Tudo isso, com a junção da fotografia, trilha sonora e o show de atuação que atores entregam, são o pacote perfeito que promete te despedaçar. Afinal, não é com tanta frequência que encontramos protagonistas com uma química tão palpável quanto a de Daisy e Paul, que até nas cenas com poucos diálogos, são carregadas de emoções e de sensibilidade.
Considerada um dos melhores lançamentos de 2020, Normal People estreou em abril e já recebeu três indicações ao Emmy. O ator Paul Mescal concorre na categoria de “Melhor Ator em Minissérie”, o episódio 3 em “Melhor Roteiro” e o cineasta Lenny Abrahamson (O Quarto de Jack) em “Melhor Direção”.
A resenha do livro você encontra neste link.
Deixe um comentário