Anúncios

Crítica | Tenet

ATENÇÃO: ESTA CRÍTICA CONTÉM (LEVES) SPOILERS

“O que eu acabei de ver?”, esse foi o meu primeiro pensamento assim que os créditos de Tenet começaram a subir. O filme, escrito e dirigido por Christopher Nolan (Batman: O Cavaleiro das Trevas), é uma ficção científica que leva a mente do espectador para uma dimensão – literalmente – inversa e não deixa os olhos se desgrudarem da tela nas muitas cenas de ação. E o hype está altíssimo.

O longa nos apresenta o Protagonista (John David Washington), agente da CIA que é recrutado em uma missão secreta para impedir uma catástrofe mundial. Sem saber exatamente para quem trabalha ou como deve agir para completar o objetivo, ele embarca conhecendo o poder da palavra “Tenet” e cheio de perguntas para seu parceiro, Neil (Robert Pattinson). Este, porém, se mantém firme às regras do serviço secreto: divulgar apenas o essencial.

Essa foi uma das grandes sacadas do diretor, porque permite que quem está assistindo desvende os enigmas ao mesmo tempo que o personagem. Afinal, com diversas subtramas e uma teoria complexa, não há tempo para questionamentos.

E o tempo por si só é uma grande questão. Não demora para o Protagonista descobrir que seu maior desafio não é apenas impedir o traficante de armas russo Andrei Sator (Kenneth Branagh) de iniciar a Terceira Guerra Mundial, mas lutar contra uma organização que consegue manipular o tempo, fazendo-o correr ao contrário, é o que toma boa parte da trama.

Agora, você deve estar se perguntando: como assim o tempo está ao contrário? Nesse filme, Nolan trabalhou com a ideia de reversão de tempo, uma abordagem completamente diferente de viagem no tempo de outras produções de ficção científica. Isso porque, nessa ideia, tudo – pessoas, carros e até o próprio tempo – se move para trás. É como se você estivesse assistindo uma fita sendo rebobinada, ou, para os mais jovens, apertasse o botão de “voltar” da Netflix.

O que muda quando isso acontece é que você vê primeiro o efeito e só depois a causa. A marca da bala está no vidro antes do personagem decidir atirar e, quando ele decide, a mesma bala volta para o revólver em vez de sair. Sim, é um pouco confuso.

A questão em Tenet é que, além de tudo, ele é um filme completamente visual (o que deu sentido para a briga sobre o lançamento do filme ser no cinema e não no streaming*). Não é tão difícil entender quando se está assistindo, ainda mais porque a outra sacada é mostrar algumas das cenas no tempo “normal” e no reverso – com a ironia que os personagens no contrafluxo são diferenciados pelas máscaras de oxigênio. Há uma sensação de dejavú que vai responder às perguntas que foram abertas anteriormente.

Por isso, prestar atenção é uma regra. Existem detalhes, como o fato de “Tenet” ser um palíndromo, ou seja, uma palavra que se mantém igual se lidas de trás para frente, e significar “princípio”, as aparições de outros palíndromos, como Arepo e Opera, e repetições de falas do Protagonista que foram espalhadas como easter eggs para ajudar (ou não) nessa compreensão.

Mas o que ganha mesmo são as cenas de ação e a conexão entre John David Washington e Robert Pattinson. Se Tenet não é um filme cansativo, mesmo com 2 horas e 30 minutos de duração, é porque a dupla de atores conseguiu tornar até mesmo as explicações sobre física e energia nuclear divertidas. É aquele tipo de amizade ficcional que ultrapassa a tela e, de quebra, rende acrobacias quase inacreditáveis, como pular de bungee jump ao contrário.

Elizabeth Debicki também está maravilhosa como Kat, ex-esposa de Sator que está sendo chantageada. Ela se torna peça chave para a operação por causa do ex-marido, mas ao longo da trama supera as próprias barreiras para enfrentar seus medos. A ressalva aqui é que a personagem e o Protagonista não tem muita química, apesar de existir uma afeição óbvia de ambas as partes.

Entre a explosão de um avião (Neil tende a ser um pouco dramático em seus planos e Nolan bastante ambicioso em seus filmes) e as bombas reversas, Tenet é uma experiência que vale a pena. Ainda mais se a expectativa é por um filme que vai te fazer pensar mesmo depois dos créditos rolarem. E talvez, nem todos os mistérios sejam entendidos, mas nós vivemos em um mundo crepuscular, no fim das contas.

Tenet é distribuído pela Warner e chega aos cinemas brasileiros na quinta-feira (29/10).

*Depois de assistir ao filme, concordo que é uma produção feita para o cinema. Porém, ainda acredito que é questionável a insistência do lançamento durante a pandemia.

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Anúncios

Site desenvolvido com WordPress.com.