Fern (Frances McDormand), que ainda sofre pela morte do marido, encontra dificuldades de se manter e decide viver como nômade moderna após sua cidade sofrer um colapso e ser retirada do mapa.

A protagonista encontra diversas pessoas pelo seu caminho nas estradas dos Estados Unidos, a grande maioria sofre com a falta de suporte econômico do governo americano aos mais velhos, porém cada um tem seus motivos para viver de forma mais isolada da sociedade em busca de esperança e um sentido maior para viver.
O roteiro e direção de Chloé Zhao é transformado em um poema liricamente perfeito ao juntar-se com a brilhante fotografia de Joshua James Richards e música composta por Ludovico Einaudi.
“Como hei de comparar-te a um dia de verão?
És muito mais amável e mais amena:
Os ventos sopram os doces botões de maio,
E o verão finda antes que possamos começá-lo:
Por vezes, o sol lança seus cálidos raios,
Ou esconde o rosto dourado sob a névoa;
E tudo que é belo um dia acaba,
Seja pelo acaso ou por sua natureza;
Mas teu eterno verão jamais se extingue,
Nem perde o frescor que só tu possuis;
Nem a Morte virá arrastar-te sob a sombra,
Quando os versos te elevarem à eternidade:
Enquanto a humanidade puder respirar e ver,
Viverá meu canto, e ele te fará viver.”
O “Soneto 18” de Shakespeare é recitado por Fern enquanto ela observa fotos de sua infância e traz ainda mais sentido à percepção do filme de que as coisas belas da vida, como o verão, chegam ao fim, porém o que é sentido permanece a viver.
O processo de luto é demonstrado de forma relacionável, nada frio e nem cru, mas triste e real, bastante capaz de ser sentido com os diálogos e atuações. Para encontrar a cura, a personagem de Frances percebe que há muito mais para viver, honrando os que já foram, além de relembrar o que já foi.
O filme é um must watch pra quem ama produções independentes e que nos leva à reflexões.

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