Baseado na peça ‘Ma Rainey´s Black Bottom’, de August Wilson, o filme se passa em uma Chicago dos anos 20 e retrata os bastidores da gravação de um disco da pioneira do Blues Ma Rainey de uma forma intensa e com atuações formidáveis.

Se você, assim como eu, se privou de matérias promocionais que sairiam do filme (trailers, imagens) e se jogou naquela história, com certeza se surpreendeu com a complexidade desse longa. Ma Rainey´s é mais que um filme de drama, ele te causa sufoco, cansaço e sensação constante de que o atores principais merecem estar presentes na premiação mais influente do cinema. Não espere ver ação, muitos cenários ou grande detalhes técnicos, pois este se segura nos dialogo e nas atuações, sem contar que os personagens funcionam perfeitamente bem sozinhos.
A direção varia entre cortes rápidos (que manifesta a pressa dos envolvidos, isso não se aplica a personagem de Viola Davis, em sair dali logo) e planos longos onde a câmera “passeia” pelo cenário (o que ajuda com os grandes monólogos existentes no roteiro, além de fazer parecer com que você, telespectador, esta espiando aquele “dia de cão” vivido por aquelas pessoas.). Já a narrativa, meu jovem…. você já ouviu falar daquela frase “um grão de areia pode virar uma tempestade”? Pois bem, esta obra é desenvolvida exatamente dessa forma, tudo ali começa com um pequeno insulto, comentário, pisada no sapato ou, ate mesmo a falta de Coca-Cola para se beber e, como se em um piscar de olhos BUM! uma rajada de sentimentos, lagrimas e indagação percorrem aquela gravadora. E lindo de se assistir, você termina o filme mal, pensativo e… bom, satisfeito!
(Observação: lembra um pouco a dinâmica do filme ’12 Homens e uma sentença’, que também se matem muito bem mesmo com cenários limitados, muitos diálogos e a curiosidade de como aquilo vai acabar).
Bom, dito tudo isso, finalmente posso passar para a parte que mais estava ansiosa: a entrega de Chadwick, Boseman, Viola Davis e seus outros companheiros de tela. Levee (Chadwick) é ambicioso, mas imediatista e cabeça quente, mesmo não querendo (mentira, na verdade ele quer sim, rs) ele rouba a cena, ele se intromete, ele e sempre acredita que merece mais, mais e mais, afinal, se você tem talento e uma boa história para contar o que mais importa? Ele abaixa a cabeça para os brancos, mas enfrenta seus iguais e grande parte da problemática do filme é causada por ele. Eu só pude escrever tudo isso sobre o personagem, por que, foi o que Chadwick Boseman entregou, este consegue ir dos risos as lagrimas em segundos, além de ser extremamente sedutor e carismático (aproveito aqui para deixar uma dica de ouro: veja legendado, pois isso só amplifica as emoções além de melhorar horrores a atuação dos atores). Já a mãe do blues, Ma Rainey (Viola), foi mais difícil de se decifrar (pelo menos da primeira vez que vi), ela é uma mulher arrogante (A PRIMEIRA VISTA, OK?) e quer tudo na hora dela, além de ser a única que não está com a mínima pressa de ir embora, alias, parece que o filme não dá tempo suficiente para que ela se desenvolva, contudo é ai que mora o perigo, já que, pense bem: você é uma mulher preta, que construiu algo gigantesco com a música, que teve que se locomover do Alabama até Chicago (onde as pessoas não são muito receptivas com pessoas pretas) e, sabe muito bem que seu produtor não se interessa com VOCÊ e sim, com a sua VOZ, não sei vocês, mas eu faria tudo do meu jeito sim, e se reclamassem, eu iria embora. Enfim, junte tudo isso, mais uma caraterização impecável e atores coadjuvantes muito habilidosos, que se tem uma coritica inteira só de elogios.
Acredito que não tenha mais o que dizer, então finalizo com: “One, two and you know what to do…”.
O filme está disponível na Netflix.
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