Crítica: Proibido Nascer no Paraíso

Trazendo a história de três mulheres, moradoras da Ilha de Fernando de Noronha, na reta final da gravidez, o documentário exibe toda a dificuldade em ter um acompanhamento decente e até onde a mulher tem autonomia e poder de decisão sobre seu filho que está para nascer.

Fazendo analogia com o mar e as ondas que cercam a Ilha, acompanhado de uma fala que se encerra com algo semelhante à: se não é possível interferir na força das ondas, por que há intervenção externa na vida delas?

Após uma determinação do Estado, desde 2004 todas as grávidas são obrigadas a sair de Fernando de Noronha, deixar o conforto de sua casa, família e amigos, a partir do sétimo mês de gestação, ter seus filhos no continente, normalmente em Recife, e retornar após um mês de vida do recém nascido. O motivo? o arquipélago não possui estrutura médica para acompanhar e trazer esses bebês em segurança. Não há anestesista, médicos, ou mesmo, UTI neonatal.

Nenhuma das três mães protagonistas do documentário gostaria de ter seus filhos fora de Noronha, lugar onde elas e gerações de suas famílias nasceram. Os moradores dizem que a impressão que eles têm é de que o Estado quer controlar a taxa de natalidade na Ilha, como forma de evitar que futuramente estes bebês reivindiquem seus direitos. A concessão de terras é muito difícil, por ser área de preservação ambiental, para conseguir um terreno e construir sua casa é preciso entrar numa fila de espera que pode durar anos e quando há possibilidade, a prioridade são os grandes empresários, por conta do Turismo.

O Estado custeia o acompanhamento dessas mulheres na cidade para terem seus filhos, mas este custo em comparação ao de manter um hospital que atenda todas as necessidades para gerar uma criança não compensa. As mães relatam que recebem toda atenção para sair da Ilha, um sentimento de expulsão, propriamente dito.

Por outro lado, também é apresentado o posicionamento do hospital local e dos médicos. Alegam que não podem fazer nada porque não podem colocar a criança em risco, se a mulher tiver complicações no pós-parto, não há estrutura para ajudá-las. As mulheres não são proibidas de ter seus filhos na Ilha, caso queiram, porém o hospital e o Estado não se responsabilizam.

A produção nasceu após uma visita da jornalista e cineasta, Joana Nin (Cativas: Presas Pelo Coração, 2013), na Ilha e ouviu de um local “aqui é proibido nascer”. Assim iniciou acompanhamento dessas mulheres 12 semanas antes de seus partos.

Embora não criado com esse propósito, o documentário serve como uma denúncia desse abandono e até onde uma mulher, mãe, tem o poder de decisão na vida de seus filhos, assim como o que é melhor para eles.

No fim do documentário é apresentada a informação de que um dos bebês não teve autorização para permanecer na Ilha. Mais uma vez o Estado intervindo e alterando toda história de gerações.

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