Em janeiro deste ano (2021), o escritor George Orwell entrou em domínio público, isto é, se completaram 70 anos da morte. Baseado nisso, diversas editoras aproveitaram a oportunidade para lançarem novas edições de suas obras, entre elas o grande romance distópico 1984.
O livro é considerado uma das mais importantes obras distópicas e tê-la repaginada em meio à uma pandemia mundial nos faz questionar: as distopias copiam a realidade, ou o é contrário?
Mesmo quem não leu, com certeza sabe a premissa do livro, que traz como personagem principal Winston, morador da Oceania, vivendo num regime totalitário comandado pelo Grande Irmão e os membros do partido. Winston faz parte do que é conhecido por partido externo, trabalha no Miniver (ou gabinete de fake news) alterando acontecimentos do passado.
O personagem não faz nada além de seu trabalho monótono, até ser atormentado por imagens do seu passado ou criadas por sua imaginação, aos poucos passa a questionar o que faz: quantas daquelas notícias que edita todos os dias já foram alteradas, até onde tudo aquilo é verdade. Aliás, o que é verdade?
Começa a escrever em um diário (o que basicamente é uma ato de rebeldia). Convencido de que está sozinho nisso, conhece Julia, por quem – aos poucos – se apaixona, mas como romances são proibidos nesse universo, os encontros são mantidos na maior discrição possível, em diferentes locais, para não serem pegos pela Polícia do Pensar ou alguém do Ministério do Amor, afinal “O Grande Irmão está de Olho” em você.
Os encontros de ambos, são mais que sexo e se tornam propriamente um debate político, pois assim com em outras distopias, relações entre homens e mulheres não tem outra finalidade a não ser a de reprodução.
Outra coisa recorrente nos encontros são os diálogos, que quando ocorrem no dia a dia são breves para não levantarem suspeitas de conspiração contra o governo. Qualquer ato pode ser interpretado com subversivo e denunciado.
“Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força.”
Nesse meio tempo, o casal conhece O’Brien, membro da resistência, a esperança de fazerem a revolução. Quanto mais se aprofundam na corrupção do partido, mais difícil é viver e fingir dentro dele. Como é de se esperar, os dois são pegos. Assim como 2 + 2 são cinco, o salvador é o próprio carrasco. É nesse momento que conhecemos alguns pontos obscuros do governo. Sessões de tortura são aplicadas até a “conversão” de Winston.
O ato de resistência de Winston é carregado até – quase – o fim, mas infelizmente sucumbe. A tortura física e psicológica, além do poder de persuasão dos membros do partido, a influência do Grande Irmão em todo o sistema, o que é e o que deixa de ser é confundido com com as ilusões e todo tipo de dano implantado no inconsciente de Winston.
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