Dando destaque para uma das maiores vilãs da Disney, o live-action de “Cruella” me surpreendeu. O filme da vilã de 101 Dálmatas não deixa de divertir – é uma produção da Disney, afinal -, mas ainda possui seu lado sombrio e de nenhuma forma tenta “romantizar uma mulher que quer matar cachorros”.

Essa é uma das principais críticas à personagem. Ninguém é à favor dos maus tratos aos animais e tendo uma vilã de animação que passa o filme perseguindo filhotes para transformá-los em casaco de pele, é um comentário previsível.
Porém, no live-action, o destino é outro. Sim, nós sentimos empatia por Estella, uma garota órfã que comete crimes para sobreviver e vê uma possibilidade de mudar de vida ao trabalhar com moda, seu maior sonho.
Mas Cruella não é uma personagem “gostável” e suas atitudes não foram colocadas no longa para serem compreensíveis. Enquanto nos divertimos vendo essa jornada da “metade boa”, é difícil entender como em outros momentos ela trata tão mal os amigos, Jasper e Horácio, que se desdobram para sempre ajudá-la.
A questão é que, na realidade, não tem o que entender. Cruella sempre esteve dentro de Estella e isso é mostrado desde o começo, quando ela ainda era uma menina e foi aconselhada pela mãe a “guardar” seu lado maquiavélico.
De uma criança bagunceira e causadora de problemas na escola, ela se torna uma adulta que busca vingança após se ver sozinha após um acidente trágico, mas o trauma não é uma justificativa de seus atos. Ela é má e pronto. Ela quer derrotar a Baronesa e não só provou que faria de tudo para isso, como fez.
Começou com o roubo de um colar e terminou com a chance de se vingar sem pensar duas vezes, sem olhar para trás e sem arrependimentos.
Estamos acostumados a assistir filmes de princesas, de protagonistas fortes ou de mocinhas que estão do lado bom da força. Só que também é preciso entender quando contar as histórias dos vilões é uma passada de pano. No caso de Cruella, não é. É apenas a história de como Estella sempre foi Cruella, um background da personagem, não para entendê-la, mas para conhecê-la.
Talvez em uma continuação, já anunciada pela Disney, veremos como a mente má tomará conta de Cruella a ponto que deixe o lado Estella de lado para sempre. Independente disso, é um filme que vale a pena não só pelo enredo em si, mas pela qualidade técnica que cria uma narrativa visual incrível.
Leia a crítica do TFP sobre “Cruella” aqui.
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