No decorrer dos anos, a ideia de protagonismo feminino nos games foi sendo desmistificada a partir do momento que os jogos começaram a dar espaço para heroínas, guerreiras e deusas como personagens principais e antagonistas nos games.

A história das personagens femininas dos jogos começou ainda nos anos oitenta, quando tivemos a primeira personagem feminina criada, em 1982, no jogo Ms. Pac Man. Mesmo sendo criada 32 anos após o surgimento do primeiro videogame, a personagem, que era a versão feminina de Pac Man, com batom vermelho e lacinho, deu o pontapé inicial no protagonismo femino dentro desse nicho.
➤ A hiperssexualização e assédio no universo dos games
Infelizmente, na história dos games, não há como falar de protagonismo feminino sem citar que o machismo e a hiperssexualização ainda é presente, tanto para personagens quanto para jogadoras. A segunda personagem feminina criada, Samus Aran, no jogo Metroid, era despida conforme o jogador tivesse melhor desempenho no game. Ela começava de armadura e quanto maior o score de quem controlava o jogo, menos roupa ela usava na tela final, chegando a ficar de biquíni.

Apesar de presentes como antagonistas e protagonistas dos jogos, muitas personagens foram sexualizadas durante anos. Com roupas mínimas que pudessem ‘atrair’ o público masculino, o debate sobre essas questões foi ganhando força no início da década passada, quando personagens famosas passaram a ganhar skins com roupas normais. Lara Croft, personagens de Mortal Kombat e até personagens de Final Fantasy, que são jogos mais populares, foram ganhando roupas próprias que não deixassem seus corpos despidos.
Muitos jogadores ainda não entendem a importância de não sexualizar personagens femininas, mas esse reflexo abate mulheres gamers do mundo todo que ainda jogam com medo de revelarem seus verdadeiros nomes em nicks por medo de serem assediadas ou desrespeitadas.
➤ A Importância
A importância desse espaço das mulheres no game foi ainda mais impactante quando o jogo The Last Of Us 2, considerado o melhor jogo de 2020, tem como protagonistas as personagens Ellie e Abby. Além delas, para garotas que cresceram no mundo dos games, houve muitas personagens em quem se inspirar.

No início dos anos 90, mais precisamente em 1996, a personagem Lara Croft protagonizava o jogo Tomb Raider, sucesso no universo gamer até hoje. A arqueóloga britânica teve tanto sucesso que chegou a virar quadrinhos e ganhou sua própria sequência de filmes, com Angelina Jolie dando vida à personagem, além do Guiness Book ter reconhecido Lara Croft como “a Melhor Aventureira Heroína do Mundo de video-jogo/videogame mais bem sucedida” em 2006.

Alguns dos jogos com protagonistas femininas mais famosos dos últimos anos são: Tomb Raider, Silent Hill, Horizon Zero Dawn, Uncharted: The Lost Legacy, Resident Evil, Control, Final Fantasy, Heavenly Sword, Bayonetta e mais. O maior número de personagens femininas sempre foi em jogos de luta: Mortal Kombat, Tekken, Street Fighter e outros sempre esbanjaram muitas personagens poderosas e que ao longo dos anos foram aumentando em números e passaram a usar skins clássicas e menos sexualizadas.
Sempre poderosas, há poucas personagens mulheres que não esbanjam coragem, determinação e uma história incrível por trás de um belo rosto, algo positivo, visto que mesmo produzido por homens, não fomos enxergadas como “sexo frágil”. O crescente número de jogadoras mulheres, aumenta também o número de mulheres por trás do desenvolvimento dos jogos. Essa história foi iniciada com Carol Shaw, em 1978, sendo a primeira mulher a participar da programação de um jogo. Carol criou um dos jogos mais famosos da história, o River Raid, em 1982 e que vendeu mais de um milhão de cópias na época.

➤ Mulheres no game
Atualmente vivemos na era do stream e com isso, podemos ver que existem muitas mulheres que se arriscam fazendo lives no Facebook Gaming, Twitch e YouTube. No Brasil, somando celular, console e PC, 51% dos jogadores são representados por mulheres, segundo o Pesquisa Game Brasil (PGB) de 2020. Nos smartphones, são a grande maioria: 62,2% do público é feminino. Já nos computadores e nos consoles, as mulheres representam 40,4% e 38,1% nesses dispositivos, respectivamente.
O crescimento exponencial de mulheres no streaming só mostra a importância da relevância de protagonistas nos games e o combate à hiperssexualização de personagens. Mesmo com o machismo enraizado na comunidade gamer, as mulheres estão revolucionando o mundo dos games de dentro para fora há quase 4 décadas e isso é um motivo pelo qual se deve celebrar.

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