Em uma franquia poderosa como 007, o momento de encerrar o arco de determinado ator no papel mas ainda sim manter pontas soltas para o que vem em seguida exige responsabilidade e grandes nomes trabalhando aos mínimos detalhes.
Daniel Craig ganhou não apenas um, mas dois filmes com a temática de despedida, porém, enquanto Spectre (2015) abre portas e satisfaz quem está do outro lado da tela quando os créditos sobem, algumas coisas são desviadas do caminho quando falamos sobre Sem Tempo Para Morrer.
ENREDO
James Bond está vivendo seus dias de aposentado ao lado de Madeleine Swann (Léa Seydoux), e, para seguir em frente, precisa de uma vez por todas se despender de seu passado (leia-se: superar Vesper Lynd). Porém, um homem com o histórico deste nunca estará verdadeiramente desaparecido e a organização criminosa conhecida como SPECTRE o encontra para uma nova aventura.
Neste contexto, Bond, não mais ao lado de Madeleine e sim com seu velho amigo Felix Leiter (Jeffrey Wright), da CIA, precisa encontrar o cientista russo Obruchev (David Dencik) para recuperar uma arma extremamente mortal que foi perdida das mãos de M (Ralph Fiennes).
Em algumas idas e vindas cronológicas durante a introdução surpreendentemente longa que acontece antes dos famosos créditos (ao som de Billie Eilish), vemos interessantes cenas de perseguições, boas reviravoltas, e uma enorme promessa do que está por vir.

Sem Tempo Para Morrer é o 25° filme da franquia e o 5° e último de Craig no papel de James Bond, possuindo conexão direta com 007: Contra Spectre, por isso, é interessante rever este filme antes de entrar na sessão do novo.
O maior ponto forte do filme está nas mãos do sentimentalismo e aprofundamento na história de Bond dando um olhar humano ao herói, uma vez que, se depender do desenvolvimento da trama e participação do vilão (o vencedor do Oscar, Rami Malek) o filme deixa a desejar e não entrega algo majestoso como vimos no impecável Skyfall. Sem Tempo Para Morrer se propõem a fazer um pouco de tudo e se perde quando muitas mãos mexem no mesmo roteiro.

A primeira mulher como 007 e ainda uma mulher negra? Esquece! A ideia e divulgação foram ótimas, na prática, é facilmente algo superficial onde Nomi (Lashana Lynch) parece ser uma ajudante de Bond e considera o número referência 007 dentro da operação “apenas um número”. O filme desperdiça a oportunidade de se aprofundar, ou no mínimo dar mais tempo em cena, para personagens com potencial gigantesco como a nova 007 e Paloma de Ana de Armas para usar o tempo com grandiosas introduções e diálogos que poderiam ser resolvidos com facilidade no passado que o filme também mostra.
Entendemos que a Era dos filmes de Craig sempre foram mais realistas e esta era sua última e importante chance de ser James Bond, mas o filme precisa mais do que cenas impactantes a nível de cenário e beleza para funcionar da forma como a formula 007 sempre funcionou.
Teremos um filme para valer com a primeira mulher como 007 ou eles precisarão de novos motivos para devolver o número a outro homem? Fiquei verdadeiramente curiosa por essa resposta.

Em uma balança, Sem Tempo Para Morrer pesa mais para o lado de ser um bom filme por ser capaz de aproveitar relativamente bem suas duas horas e quarenta minutos em um enredo que, mesmo nada corajoso, sustenta a atenção do espectador em nome do seu elenco incrível, sua trilha sonora mais uma vez impecável (o poder de Hans Zimmer) e uma conclusão emocionante e coerente com a proposta.
Nota Final: 3,5 ⭐
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