Patrizia Reggiani (Lady Gaga) almejava alcançar o topo do mundo quando conheceu Maurizio Gucci (Adam Driver) em uma festa.
Gucci, o nome que representa uma das marcas mais relevantes e valiosas na história da moda, e a oportunidade perfeita para Patrizia deixar de trabalhar na empresa de caminhões de seu pai e passar a viver em meio ao Império Gucci na Itália.
Em Casa Gucci conhecemos os bastidores da família e da marca homônima onde, enquanto uma passa a ruir por intrigas e disputas de poder, a outra ameaça deixar de ser relevante por insistir em manter a identidade do passado.
Na direção de Ridley Scott (Gladiador e O Último Duelo) e roteiro de Becky Johnston e Roberto Bentivegna, Casa Gucci divide-se em introduzir Patrizia e apresentá-la a Maurizio, exibindo com maestria e envolvimento os momentos essenciais que tornaram ambos um casal. E mostrar onde, quando e porque a família Gucci se desintegra de vez, levando ao desfecho já conhecido: não existe nenhum Gucci comandando a empresa nos dias atuais.
A primeira parte do filme entrega o que foi prometido extremamente bem. Surpreendentemente, é divertido e Lady Gaga é facilmente o destaque, entregando uma Patrizia afiada, arrogante, genial e manipuladora além do que lhe foi solicitado. Entendemos quem é a protagonista e a mente por trás dos altos e baixos dos Gucci e, apesar de ser mais uma produção com a presença marcante e impecável de Adam Driver, pelo menos 70% do filme coloca os holofotes em Lady Gaga, e com razão!
É na segunda parte que algumas coisas desandam. Em um filme que utiliza o tempo que precisa para desenvolver aos mínimos detalhes a relação entre os membros da família, poderia utilizá-lo também melhor para o seu grande desfecho. Se a cena da morte de Maurizio Gucci e a investigação que revelou sua (ex?) esposa como culpada, seguido pelo famoso julgamento (algo que boa parte do público definitivamente mais anseia para assistir) durou meros 10 minutos é muito. A personagem de Gaga some da tela por um tempo, e fica claro o vácuo entre a jovem do começo do filme versus a mulher desestabilizada por ter sido “derrotada” por aquele que ela mesma ensinou a almejar poder.

Casa Gucci faz uso de um Estilo conhecido como Camp, onde opta-se por produções extravagantes e exageradas, algo que a própria Gucci já utilizou em algumas de suas campanhas ao longo dos anos. Toda a excentricidade e frases de efeito que vimos nos trailers são boas traduções do filme, porém, sem o brilho da marca propriamente dita na história.
Por isso, o poderoso e premiado elenco é essencial para manter a constância em um filme de duas horas e quarenta minutos. Como o roteiro foca nas tramas familiares e passa mais tempo mencionando as baixas da empresa do que os momentos em alta, a decisão de quem faria quem é facilmente o pilar mais forte de Casa Gucci, com Gaga como Patrizia moldando a família a sua vontade, Adam Driver entregando um Maurizio que evolui de garoto inocente e apaixonado para o último Gucci a comandar a empresa, Jared Leto como Paolo Gucci representando o alívio cômico em sua sensibilidade e sonho de se tornar o grande estilista da marca, e Al Pacino como Aldo Gucci, o tio que abriu as portas da família novamente para Maurizio e consequentemente foi o último a cair perante ele, entregando o outro lado da balança de tensão na história.

Casa Gucci é um filme sobre disputa de poder, mas sobretudo, é um filme que aproveita o espaço que tem para criticar as grandes famílias que já nascem sob privilégios e monopólios, onde até mesmo a possibilidade de dividir o mesmo sobrenome que eles é inalcançável. Scott tira proveito da oportunidade para representá-los de forma escandalosa, beirando o brega.
O filme chega aos cinemas em 25 de Novembro e os ingressos já podem ser adquiridos.
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