“Lançarei sobre ti imundícias, tratar-te-ei com desprezo e te porei por espetáculo” (Naum 3:6).
Essa frase, que abre o terceiro filme da carreira de Jordan Peele (diretor de ‘Corra!’ e ‘Nós’), te ambienta no principal tema do filme: a cultura do espetáculo que, por vezes, abusa de animais (e pessoas) a fim de conquistar (a todo custo) a fama e o dinheiro, seja para ficar famoso ou remontar e subverter um terrível trauma de infância.
OJ (Daniel Kaluuya) e Emerald Haywood (Keke Palmer), são descendentes do primeiro homem a estar em uma imagem em movimento e, desde então, sua família trabalha fornecendo cavalos para filmes hollywoodianos, contudo após a morte misteriosa de seu pai, os irmãos precisam tomar algumas decisões e lidar com um objeto estranho presente nos céus.

Descrever Nope, foi uma das coisas mais difíceis que já fiz, pois o filme é tão extenso e maior que acaba se tornando injusto contar tão pouco (e mesmo assim tanto) dele, sua principal qualidade está no mistério, no sentir e no apreciar de cada simbolismo, som e paisagem que ele apresenta.
Há uma mistura de gêneros aqui, Nope flerta com ficção cientifica, horror cósmico, western, comédia, suspense e até um pouquinho de ação. Ele é muito diferente de seus antecessores e isso é ótimo, pois demostra que o diretor Jordan Peele não se prenderá as fórmulas e gêneros que ele mesmo já vinha consolidando, mesmo que mantenha presente algumas de suas marcas registradas (humor em cenas de tensão total, grande presença de atores negros, a maneira de contar histórias muito politicas através do terror e a firme parceria com o musico Michael Abels). Por outro lado, ao se dirigir, escrever e roteirizar um filme “sozinho” (algo feito por Peele neste filme) você fica sujeito a algumas escorregadas, e uma delas é a de que o longa parece dividido em dois, é como se o espectador estivesse acompanhando um filme com início, meio e clímax mas o fim nunca chega, pois ele dá um “reboot” em tudo e, além de mudar um pouco o seu ritmo, acrescenta um novo personagem, que mesmo tendo sido apresentado na “primeira parte” não funciona tão bem nessa “segunda”.
Nope não é um longa para quem busca uma definição, ele é estranho e arrebatador, ao mesmo tempo que é sensível e heróico, sua fotografia e design de som são os grandes culpados dessas diversas características, juntos eles conseguem fazer com que o cinema fique na pontinha da cadeira de tanta tensão ou fique encantado com aquela imensidão bela do rancho (se possível, vejam na maior tela que estiver a disposição).
Por fim temos eles, os personagens, os nossos companheiros de filme, as pessoas com quem devemos nos relacionar (seja de forma odiosa ou amorosa) e os que mais detém poderes em uma história, mas afinal, como são os personagens de Nope? Eu lhes digo: eles são simplesmente…muito bem posicionados! Oj, vivido por Daniel Kaluuya, é calado e observador isso faz com que ele consiga sacar muito bem o que está acontecendo seu redor, porém por não ser muito carismático e temos a entrada da preciosa Emerald (Keke palmer), uma garota mais desinibida, estilosa e extremamente cativante, ela traz um “UP” no filme, não permitindo que ele fique monótono, já Jupe (interpretado por ator Steven Yeun) é um alguém (em pró do mistério) não irei falar sobre, só direi que é mais um personagem que movimenta a trama, (diferente de outros, que só servem como alivio cômico).
Nessas considerações finais sobre o longa eu relembro que: Nope é uma obra difícil de se tirar da cabeça, é cheio de camadas e simbolismos, possui personagens cativantes, precisa ser assistido mais de uma vez, vale muito o ingresso e já esta em cartaz nos cinemas!

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