Meu corpo te ofende, livro escrito por Marie Marquardt e Mayra Cuevas é excelente para jovens se introduzirem e entenderem como a luta por direito das mulheres não é igual para todas.
Porque para jovens?
Porque é um livro simples, sem termos muito acadêmicos. Por se tratar de um romance, nada mais justo que aplicar o debate em uma narrativa que se assemelha com o dia a dia dessas meninas. O que é ótimo, pois a linguagem acadêmica não é de fácil acesso e interpretação para todos, o que acaba distanciando vários públicos que poderiam se beneficiar dessas ações.
Qual a narrativa?
Somos apresentadas a duas garotas no ensino médio. Malena, é uma imigrante porto-riquenha, que foi morar nos Estados Unidos após o furacão Maria, que atingiu o Caribe, Porto Rico e a República Dominicana em 2017. Malena vem de uma família mais tradicional e religiosa. Completamente o oposto de Ruby, branca, feminista, oriunda de uma família de boa renda e liberal. Por um sutiã (ou a falta dele) as duas acabaram se tornando amigas.

Sem spoilers e sem se aprofundar nas circunstâncias, o foco é compreender como a luta feminista e por direitos das mulheres inside na vida de cada uma – infelizmente – conforme a aparência, biotipo, nacionalidade e condições financeiras.
Sororidade é uma palavra que se esvaziou com a quantidade excessiva e, por vezes errônea, de uso ao longo dos últimos anos, mas aqui seu significado faz muito sentido. Mesmo com a melhor das intenções, ao se falar “igualdade” podemos, involuntariamente excluir recortes importantes, como raça, por exemplo (entre diversas outras apresentados no livro).
A ideia do “tentar proteger” a mulher violentada, também é colocado de uma forma a se pensar, principalmente nessa narrativa, na qual o protejer vem de uma mulher. Dizem por aí que não devemos julgar um livro pela capa, pois é, nós nunca sabemos efetivamente o que levou uma pessoa a tomar tal atitude, porque não sabemos os traumas que cada uma carrega. Traumas esses que nos bloqueiam, nos limitam e tiram nossas forças.
Outro ponto importante que é narrado, é a possibilidade de homens entenderem que, mesmo sem querer, se beneficiam do privilégio do patriarcado.
Em suma, é um livro prático para quem deseja entender de modo mais concreto, a importância da militância em prol da liberdade individual dos corpos femininos, como a sociedade sexualiza alguns corpos – os diálogos entre pessoas brancas e latinas são importantíssimos para colaborar com essa explicação, assim como o primeiro “teste” feito por Ruby após a punição que Malena sofreu. Mas é importânte ter a consciência de que é um livro bem juvenil, e isso pode não agradar a todos.
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