O aclamado ícone das histórias em quadrinhos e autor da Marvel Comics, Stan Lee, teve seu último ano de vida conturbado. Falecido em novembro, aos 95 anos, o criador de “Homem-Aranha”, “Hulk” e outros heróis sofreu acusações de abuso e assédio sexual no início de 2018. Os primeiros relatos vieram à público em janeiro deste ano e partiram do grupo de enfermeiras que cuidava de Stan Lee em sua casa em Hollywood na época.

SEGUNDO ENFERMEIRAS, STAN LEE AS ABUSAVA FÍSICA E VERBALMENTE
As acusações, informadas pelo jornal Daily Mail, vão desde o uso de palavreado impróprio utilizado por Stan Lee às profissionais, a atos físicos inadequados, como apalpar as jovens enquanto cuidavam dele. Segundo elas, Stan Lee também caminhava sem roupas pela sua mansão e pedia por sexo oral durante os banhos que recebia.
Os casos vieram à tona após diversas reclamações das profissionais para a dona da empresa de enfermagem que prestava serviços à Lee – o nome da companhia não foi revelado para proteção das jovens. Segundo a empresária, todas as enfermeiras que passaram pela mansão sofreram abusos.
Stan Lee negou todas as acusações e sua defesa deixou claro que não fariam nenhum acordo com as supostas vítimas. Tom Dallas, o advogado do artista, em uma carta enviada à empresa, relata que seu cliente estava recebendo chantagens e ameaças pelo caso, e que nenhuma denúncia formal foi feita à polícia.
Segundo Tom, as profissionais exigiam por dinheiro – sua fortuna foi avaliada em US$50 milhões – para que o caso não fosse levado à mídia: “Nós não estamos cientes de nenhuma ação civil ou denúncia desses problemas a polícia, o que seria para qualquer reivindicação genuína a forma mais apropriada de lidar (…) O Sr. Lee não vai ser extorquido ou chantageado”, explica o advogado. Até então, não houve conclusão do ocorrido.
MASSAGISTA TAMBÉM ACUSA O ARTISTA DE ABUSO SEXUAL
Em abril do mesmo ano, a mídia divulgou outra denúncia de abuso sexual contra Stan Lee. Dessa vez, o relato partiu da massagista María Carballo, que trabalhava em um hotel em Chicago, onde o quadrinista estava hospedado para o evento Comic & Entertainment Expo. María relata que Stan Lee se masturbou na sua frente, a apalpou e acariciou suas genitais, exigindo relações sexuais.
Segundo a massagista, o caso aconteceu em abril de 2017, mas ela só revelou agora porque tinha medo de perder seu emprego e criou coragem “depois de ter visto outras mulheres brigarem para serem tratadas com dignidade e respeito”. María, diferente das enfermeiras, prestou queixa oficial e entrou com uma ação nos tribunais contra Lee.
O processo de María, dividido em cinco acusações, exige uma indenização de US$50 mil por danos e prejuízos e os valores dos honorários dos advogados por cada uma das acusações. A defesa de Stan Lee, no entanto, nega também essas acusações e os advogados explicam que não estão inclinados a nenhum acordo. O processo de María também não teve conclusão e ainda corre na justiça.
MOVIMENTOS CONTRA ABUSOS EM HOLLYWOOD
No fim de 2017, diversas acusações de abuso e assédio sexual em Hollywood vieram à tona. O mais conhecido foram os vários relatos contra o produtor Harvey Weinstein, que, segundo as vítimas, cometeu abusos por décadas. O caso de Weinstein foi o estopim para um forte movimento de apoio às mulheres abusadas, o que, certamente, deu coragem a muitas vítimas para denunciarem casos de assédio sexual na esfera hollywoodiana.
Os fãs de Stan Lee esperam que os casos contra ele sejam apenas boatos, já que o quadrinista é aclamado por muitos e visto como herói também por mulheres aficionadas em quadrinhos. Os casos, que ainda estão sendo avaliados pela justiça, podem trazer revelações acerca do artista e mudar a perspectiva de alguns em relação a ele – mesmo que apenas sobre a sua memória. Seria Lee digno de toda a admiração que lhe foi concebida?
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