Uma das maiores escritoras que o Brasil já teve, é considerada um grande marco da literatura brasileira. Mesmo quase 42 anos depois de sua morte, suas obras continuam impactando a vida de seus apreciadores e inspirando milhares de jovens escritores por aí. O legado de Clarice Lispector está mais vivo do que nunca e temos o dever de o fazer permanecer.

Clarice nem sempre foi ‘Clarice’. Nasceu em 1920, num país bem distante do lugar que mais tarde consideraria casa: na Ucrânia, e com nome de batismo Chaya Pinkhasovna Lispector. Em razão da perseguição contra os judeus na Europa, teve de fugir aos 2 anos de idade com sua família – de origem judaica – para o Brasil. Por aqui viveu em diversos lugares, inicialmente em Maceió, depois Pernambuco e mais tarde, no lugar em que sua vida seria estabilizada: Rio de Janeiro.
Sempre multifacetada e versátil em tudo que fazia, trilhou seu caminho de uma forma inusitada. Antes de ser escritora – sua grande vocação – e jornalista, foi uma das raras mulheres de sua época que estudaram Direito na Universidade do Brasil (hoje UFRJ), uma instituição e curso que eram destinados principalmente à elite masculina e branca.
Clarice Lispector fez de tudo: crônicas, contos, novelas, literatura infantil, romances e por aí vai. A escritora abordou de forma simples temáticas complexas, algumas que se repetiram em quase todas as suas obras, como as relações familiares, assuntos do cotidiano, autoconhecimento, questões da condição humana, e sobretudo: a figura feminina.

Apesar de ser anterior a chegada do movimento feminista no Brasil, muitas pessoas relacionam seus escritos ao feminismo por tratarem de forma única e pertinente o papel da mulher na sociedade. Embora seja impossível saber se Clarice teria aderido ao movimento ou não, não se faz necessário conhecer uma vez que é inquestionável sua preocupação em abordar e desconstruir temáticas acerca da organização social que se baseou na questão de gênero. Isso era feito por Clarice, comumente, a partir de um sentimento de estranheza que vinha de suas protagonistas. Essas geralmente eram mulheres insatisfeitas com a vida e seus papéis na sociedade, além de serem repletas de interrogações sobre suas identidades.

Pouco antes de morrer devido a um câncer no ovário, exatamente 2 meses antes, Clarice lançou sua última e mais aclamada obra: A Hora da Estrela. O livro – cheio de reflexões existenciais acerca do íntimo humano – conta a história de Macabéa, uma mulher nordestina moradora do Rio de Janeiro, que fora silenciada pela sociedade e não possuía o menor atrativo ou noção de si, mas que sonhava em ser estrela de cinema. Certo dia, sofre um acidente que tira sua vida e essa é a hora que sua estrela brilha.
Muitos relacionam o fim da protagonista de A Hora da Estrela com o momento delicado de Clarice na época. Se falava ou não sobre si mesma, é fato inegável que a estrela de Clarice continua a brilhar.

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