Em formato de documentário, Horror Noire explora toda a história negra nos filmes de terror, década a década, filme a filme, não apenas abordando os filmes com heróis negros, mas ainda que por meio da exclusão, sua história no geral.
Desde o clássico cult, A Noite dos Mortos Vivos (George A. Romero – 1968) até o vencedor do prêmio Oscar, Corra! (Jordan Peele – 2017), o negro foi retratado de diversas formas ao longo dos anos no cinema de Hollywood: Como coadjuvantes, vilões, ou apenas uma participação destinada a morrer para comprovar o verdadeiro terror do filme.
O livro traz de uma maneira extremante séria os impactos que a população negra sofreu devido ao descaso de seus personagens nas grandes telas, ou ao fato de nas ruas precisarem lidar com o ódio e horror devido a personagens vilões onde as pessoas simplesmente compraram a mensagem do filme e levaram para a vida real a violência.
É importante também entendermos a diferença entre “filmes com negros” e “filmes negros”, o livro traz diferentes referências e modelos de filmes onde a história central e o contexto principal são negros, casos que provavelmente são derivados de diretores e estúdios negros, ou filmes “com negros” que o personagem basicamente está ali, sem realmente possuir importância.
As mulheres negras também marcam presença no livro, onde o autor menciona a sexualização das mesmas nos filmes de terror, utilizando seu poder de sedução como arsenal contra o racismo e corrupção.
“Se Michael Jackson não tivesse inserido uma tirada autodepreciativa acerca da sua identidade em Thriller, a heterossexualidade masculina não teria sido examinada e seria a norma. As mulheres, como a sexy e silenciosa Katrina, que deveriam ser vistas, mas não ouvidas, é que eram consideradas “um problema, uma fonte de ansiedade, de questionamentos obsessivos”, ao contrário dos homens.”.
Confesso que ao finalizar o livro, percebi que vários fatores preconceituosos e raciais passam despercebidos pelo o público branco por ser considerado “algo normal” ou “não relevante”, mas que com certeza são importantes para o público negro e precisamos sim abrir os olhos do grande público do cinema para essas questões onde o negro deixa de ser apenas mais um no filme, e se torna o herói da história.
Outro ponto que eu não esperava perceber com a leitura desse livro foi a importância de A Noite dos Mortos Vivos, segundo o livro, esse filme foi o primeiro “que falou direta e abertamente sobre os problemas sociais e o clima racial dos Estados Unidos nos anos 1960”, onde, por incrível que pareça, levou anos para qualquer outro filme de terror dar ao negro o papel de herói.
Segundo a autora, Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror tem como intenção levantar o debate sobre o tema entre as pessoas, e eu tenho certeza que, para quem leu, não restam argumentos para debate que esse público não apenas merece, mas NECESSITA de mais atenção não apenas no terror mas no cinema de Hollywood em geral, sendo uma verdadeira vitória finalmente reconhecermos a presença dos mesmo hoje em premiações como o Oscar.
Ficha Técnica
Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror
Robin R. Means Coleman
DarkSide Books
464 páginas
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