Adaptado de um livro do século 19, Adoráveis Mulheres, escrito e dirigido por Greta Gerwig, o filme é traduzido muito bem para dar jus à obra enquanto ao mesmo tempo, conversa com a geração atual.
Da mesma diretora de Lady Bird, Greta Gerwig mais uma vez junto com Saoirse Ronan (como Jo March) trabalham em um filme “coming of age” de maneira não só muito emocionante mas também muito bonita, forte, difícil de esquecer, e muito amável.
Adoráveis Mulheres conta a história da família March, mãe e filhas, que sobrevivem com dificuldade nos Estados Unidos após seu pai ir para a Guerra Civil. O filme aborda a vida delas separadas e juntas, abordando temas feministas e romances. Jo March mora em NYC, tentando conseguir manter sua família em Massachutses, enquanto sua irmã Amy procura por um marido e uma carreira como pintora em Paris e reencontra Laurie, amigo delas de infância. Meg tenta cuidar de sua própria vida doméstica com seu marido e filhos, enquanto Beth adoece mais.
Além de Saoirse, faz parte do elenco, Florence Pugh, Emma Watson, Eliza Scanlen, fazendo os papéis de Amy, Meg and Beth March respectivamente. Timothée Chalamet também tem seu papel importante, Laurie. Todas elas fazem fazem um trabalho incrível nesse longa, porém, a atuação de Florence como Amy, que em partes do filme tem 13 e outras 20 anos de idade, se destaca e Pugh chama cada vez mais atenção para si, que merece todo o reconhecimento esse ano não só por Adoráveis Mulheres, mas também em Midsommar, Lutando Pela Família, que ainda não foi oficialmente lançado no Brasil, e Viúva Negra, que lança em abril desse ano. Ambas Florence e Saoirse merecem muitos prêmios pelas suas atuações, até mais do que estão ganhando.
Outra parte desse filme que está sendo ignorada por maioria das premiações é a direção, que fez um ambiente tão lindo e único de um filme já bem conhecido por outras versões e um livro antigo. Apesar de não ter ganhando nenhuma indicação como melhor diretora ainda, Greta Gerwig não traz a história já tão vista atoa, ela adiciona um ar novo em todos os debates e pensamentos que a trama provoca, ela passa a mensagem mais uma vez de sua maneira única para a geração atual, com temas que estão no livro mas que ainda tocam e infelizmente são realidades para muitas mulheres, como a pressão para se casar e a dificuldade de ser economicamente independente. Saoirse Ronan diz também em entrevista que essa é a primeira adaptação onde abre espaço para a discussão, mesmo que mínima, da sexualidade de Jo March, que diz (das próprias palavras de cartas da escritora): “Eu quero poder amar livremente!” durante o filme. A atriz acredita que em um ambiente diferente, com circunstâncias diferentes, a personagem exploraria sua sexualidade mais.
Outro ponto positivo do filme é a técnica usada no roteiro de flashbacks: contando a história delas de forma não linear, enquanto crescem e o presente. Assim, deixando todos os acontecimentos muito mais ricos e emocionantes.
A fotografia e paleta de cores são dois fatores que nos ajudam a se situar sobre o que é flashback e o presente, também em certos momentos mudando quando é uma história escrita pela Jo. Todo o design das roupas foram muito bem feitos, apropriados para a época e refletindo a personalidade de cada uma das garotas por cores e modelos de vestidos.
Uma crítica muito comentada a esse filme (e também a própria diretora) é a falta de diversidade das atrizes, que todas são brancas e europeias ou norte americanas. A cobrança por mais representatividade é justa, e descarta a desculpa que filmes de época serão naturalmente só representados por pessoas brancas. Um ponto que muitos fãs que não concordam por completo com a crítica falam é que esse é apenas o segundo filme da cineasta, e que ainda terá tempo para ela trabalhar com uma variedade maior de atrizes e atores.
Apesar de não ser 100% fiel a história do livro, Adoráveis Mulheres vai te dar um abraço gigantesco, mas te dá uma certa melancolia ao mesmo tempo. Vale a pena ver essa história emocionante no cinema e também apoiar filmes feitos por mulheres!
Crítica por Eduarda Marina
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