Insano, esta é a melhor palavra para descrever o Serpentário, de Felipe Castilho.
Com uma narrativa não cronológica, Serpentário é repleto de mistérios e incertezas. O livro conta a história de quatro amigos: Caroline, Mariana, Hélio e Paulo, em pleno réveillon de 1999.
Os jovens decidem se aventurar às vésperas do ano novo em uma ilha cercada de lendas, mas esse desejo é frustrado e acabam ficando em casa, quando após uma tempestade o cachorro de Carol desaparece e é durante essa busca que os traumas são apresentados de maneira calma, cada história à sua maneira e à seu devido tempo.
Durante o início da leitura nas partes denominadas como “Hoje”, você se sente um tanto perdido, três dos quatro amigos são apresentados, cada um vivendo seu próprio sofrimento, consequência do que os assombrou no passado e que ainda os atormenta. Conforme a narrativa, intercalando passado e presente, aos poucos compreende o que aconteceu naquele réveillon de 1999.
Cruzando com o “anos antes” e o “hoje”, algumas subtramas são contadas, criando mais dúvidas sobre a história central além de atiçar a curiosidade do leitor. Todas essas subtramas se conectam à história principal em algum momento.
A dúvida entre o que pode ser real com o que pode ser uma alucinação, é um dos pontos fortes e muito bem desenvolvidos no livro
“Ondas quase invisíveis se moviam lá em cima, preguiçosas, notadas apenas por mentes que estivessem no meio do caminho entre a lucidez e a alucinação, entre a tontura e a ânsia de vômito.”
Algo interessante ao ler é a proximidade do cenário com nosso particular, principalmente aos paulistas que frequentam as praias do litoral norte. Embora se trate de uma fantasia com uma pitada de suspense e terror, a utilização de lugares reais e que possivelmente você já visitou algum dia, pode fazer com que olhe com outros olhos após esta leitura.
A história foi criada a partir de uma pequena lenda local da Ilha da Queimada Grande, ou Ilha das Cobras, conhecida por concentrar a segunda maior quantidade de cobras do planeta, o suficiente para a criatividade do autor entrar em ação.
O contraste do tom negro da capa e o corte, que fica num verde escuro também faz alusão à narrativa, à “escuridão” vivida por cada personagem junto ao verde que é a alegria de certos momentos, assim como tempo e a sensação fúnebre da ilha em contraste ao verde da mata presente.
Este livro não é recomendado para quem sofre de Ofidiofobia!
Ficha Técnica
Capa comum: 368 páginas
Editora: Intrínseca; Edição: 1 (20 de agosto de 2019)
Idioma: Português
Autor: Felipe Castilho
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