A história conta relatos de Sultana, uma princesa da Arábia Saudita, assim como a vida das mulheres árabes de forma geral. Sultana pertence à casta dos Al Saud, e mesmo sendo membro de uma das famílias mais nobres do país, com todos seus privilégios é reprimida pela sociedade apenas por ser mulher.
A narrativa em primeira pessoa começa com a história da linhagem dos Al Saud e como chegaram na posição de prestígio de hoje. As memórias da princesa se inicia aos seus 6 anos. Seu relato é sempre abordado através do âmbito familiar, principalmente ao comparar a forma com que ela e suas irmãs são tratadas a partir de seu irmão mais velho, Ali e a qualquer outro homem.
Sultana é a caçula da família e também a mais “revoltada”, pois seus questionamentos iam sempre contra aquilo que é apresentado pelo Corão e defendido por sua nação, sobretudo os direitos que os homens têm, como por exemplo trabalhar.
De forma geral, a frase “mulher é o sexo frágil” é levada a sério, são “resguardadas” pelos homens, não têm o direito de realizar seus sonhos, a exemplo de dia irmã mais velha, Sara, que tinha o desejo de ir à Itália e estudar artes, mas, na época, mulheres não podiam estudar.
Embora sejam consideradas inferiores, a princesa se considera privilegiada, por causa do nome da família e pelo dinheiro.
O contraste de realidade do estilo de vida dos cidadãos é bem observado por Sultana, enquanto ela e sua família esbanjam dinheiro, palácios espalhados pelas cidades sauditas e em outros países, algumas famílias se vêem obrigadas a venderem seus próprios filhos em troca de algumas moedas para sobreviver.
“[…] A mansão, que pertencia ao pai de Karim, fora construída por um rico comerciante turco no século 18. Restaurada pelo pai de Karim, a mansão recuperara seu antigo esplendor, com seus trinta quartos distribuídos em níveis irregulares, com janelas em arco dando para um exuberante jardim […]”.
“[…] Hadi estava estuprando uma menina que devia ter no máximo oito anos. […] Ahmed não pareceu surpreso quando Nura, zangada, contou- lhe que havia acontecido. […] Mais tarde ele contou a Nura que a própria mãe tinha vendido a filha, e que não havia nada que ele pudesse fazer”.
No fim do livro há um apêndice com trechos do Corão (o livro sagrado dos sauditas) e um breve dicionário com palavras e expressões tradicionais, o que ajuda os leitores ocidentais na compreensão.
Seus “donos”
A vida da mulher na Arábia Saudita é dividido em dois momentos: Quando é criança, isto é, enquanto não usa véu – ainda não menstruou e consequentemente não está apta para casar – e mora na casa dos pais, ela pertence ao pai. A partir do momento em que o sangue desce e passa usar o véu, significa que está apta para se casar, – se tornando propriedade do marido – independente se tem 12, 13, 14 ou 15 anos.
Caso uma mulher se torne viúva, ou seu pai morre, ela passa a ser propriedade do parente, homem, mais próximo da linhagem – mesmo os mais novos que ela -, podendo ser irmão, filho, tio ou primo.
A hipocrisia
Alguns homens, principalmente os de família nobre, viajam anualmente à países ocidentais para se relacionarem com outras mulheres e quando eles voltam à sua terra natal, declaram que todas as mulheres ocidentais são prostitutas.
Mulheres acusadas de fornicação ou adultério são chicoteadas ou apedrejadas até a morte. Algo comum é serem estupradas e acusadas por esses crimes, é a palavra dela contra a de um homem,
“A mulher muito mais emotiva que o homem, suas emoções a levarão a distorcer seu depoimento”.
Em geral, este é um livro que nos ensina muito e se a leitura não te impactou de alguma forma, você leu errado.
Ficha Tecnica
Capa comum: 247 páginas
Editora: Best Seller; Edição: 2 (2000)
Idioma: Português
Autor: Jean P. Sasson
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