A Garota Dinamarquesa: Livro vs Filme | Entrevista com o autor

O livro que inspirou o filme é baseado na história de Lili Elbe, artista e uma das primeiras mulheres trans a fazer cirurgia de transição.

A narrativa se inicia com o casal de pintores o Einar e Greta. Enquanto Greta tenta finalizar seu quadro, pede que o marido vista as meias e o sapato utilizados pela cantora de ópera e amiga do casal, Anna. Einar se incomoda com o pedido, mas atende.

Ao se vestir de Lili, Einar deixava de existir, algo muito apontado no livro, de forma que os momentos vividos como Lili, os acontecimentos do passado de Einar é recordado como se memórias distantes, contadas por uma terceira pessoa.

Conforme a narrativa evolui mais mais Einar se convence de que algo está errado. A existência de Einar se torna mais difícil. Isto também afeta Lili, que tem recorrentes sangramentos e preocupa Greta.

O casal, antes de tudo são melhores amigos, confidentes. Esta relação é mantida durante e após a transição de Lili, Greta é a única pessoa que passa segurança, a ajuda e a protege.

Einar e Greta, se mudam para Paris, lá Greta é agenciada por Hans, amigo de infância de Einar, que passa a vender os retratos de Lili e ganha certo reconhecimento. Assim como a presença de Hans é fundamental para Greta. Carslile, irmão gêmeo de Greta é para Lili.

Com as cirurgias realizadas, voltam à Dinamarca. Lili está feliz, mas não por completo, seu desejo agora é de um dia se casar e poder ser mãe. O casamento, estava se encaminhando. Enquanto se adaptava à sua nova rotina, Lili trocava cartas com o professor Bolk, que dizia ser capaz e a tornar fértil.

Porém na última cirurgia quase não fica acordada, não há prospecção de recuperação. Na história real, Lili morreu por complicações em decorrência à esta terceira cirurgia.

O tom da escrita é bem suave, apesar de ser um drama é contado de forma tranquila, pensado em transpassar a emoção.

O filme

O filme é bem semelhante ao livro, encurtado e com a ausência de personagens, como Carslile. Dirigido por Tom Hooper, o drama leva o nome original de Greta: Gerda Wegner. David Ebershoff, autor do livro optou por utilizar um nome fictício, pois adicionou histórias na vida de Gerda, misturando ficção com realidade.

Algo que não agradou no filme foi a mudança de personalidade de Greta, que no livro é decidida e apoia o desejo de Einar, no filme em diversos momentos questiona a decisão. Eddie Redmayne (Newt, em Animais Fantásticos e Onde Habitam) trás a ambiguidade pelas dúvidas e inseguranças vividas pelos personagens, assim como a beleza de Lili.

Embora as diferenças, para quem não tem tanta proximidade com a leitura compreende e se emociona. Mas, não devemos deixar de dizer que no livro você é levado à sentimentos, sensações não apresentados na filmografia.

Na dúvida, leia e assista.

Entrevista com David Ebershoff, autor do livro e consultor do roteiro do filme

O David veio para São Paulo (em julho de 2019) a convite da Editora Rocco e liderou uma roda de conversa sobre o mundo LGBTQ+ na literatura, e claro, a equipe do The Feminist Patronum aproveitou para entrevistar brevemente o autor renomado.

The Feminist Patronum: Oi David, tudo bem? Seja muito bem-vindo ao Brasil, o que está achando do país?

David Ebershoff: Oi Alice, tudo ótimo e com você? Eu estou adorando o país, todos são muito receptivos e calorosos.

The Feminist Patronum: Bom, não temos muito tempo, então vou direto para as perguntas. Como foi pra você escrever um livro que sai completamente da sua zona de conforto? E como foi ver a obra ganhando tanta visibilidade em cima de um assunto tão delicado como a transição de Lili?

David Ebershoff: Bom, antes de escrever o livro, eu passei anos pesquisando a verdadeira história de Lili e absorvendo o máximo de informações possíveis, para que ficasse o mais próximo da realidade, mas não tinha como escrever os pensamentos de uma pessoa trans sendo que sou um homem cis, chegou em um ponto que minha pesquisa não estava só focada em Lili, mas em sim como poderia trazer um livro verdadeiro e sincero para o mundo.

Foi incrível ver o livro ganhando visibilidade, e participar do filme ainda é algo bem surreal.

The Feminist Patronum: Me lembro que na época do Oscars o filme sofreu várias acusações de transfobia e sobre o Eddie Redmayne não ser qualificado o suficiente para interpretar Lili, já que ele é um homem cisgênero. Como autor da obra, o que você acha disso tudo?

David Ebershoff: Bom, Eddie Redmayne e Alicia Vikander no elenco são um dos motivos do filme ter feito tanto sucesso, afinal Alicia até recebeu um Oscar de Melhor Atriz por sua performance, então sou muito grato por ambos se dedicarem tanto no trabalho. Claro que em um mundo perfeito Lili seria interpretada por uma mulher trans e teria o mesmo reconhecimento que Eddie, mas não vivemos em um mundo perfeito e escolhas precisam ser feitas.

Resenha escrita por Mariana Oliveira e entrevista realizada por Alice Calicchio.

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