In The Heights e a representatividade latina

“Luzes acessas em Washington Heights…”

Após vários adiamentos devido a pandemia, Em Um Bairro de Nova York, ou In The Heights, finalmente está entre nós!

No primeiro musical de Lin-Manuel Miranda, mesmo criador do aclamado Hamilton, conhecemos o pequeno bairro de Nova York chamado Washington Heights, habitado majoritariamente por latinos imigrantes. A questão central é que os Estados Unidos não têm um histórico de ser exatamente braços abertos aos imigrantes, e por isso os impostos aumentam quase que semanalmente tanto quanto a dificuldade em se tornar imigrante legal aumenta também. Morar ali está cada dia mais caro e fazer qualquer coisa que não seja sobreviver é impossível.

Porém, isso nunca impediu sua população de se unir e buscar alegria nos momentos mais simples do dia a dia.

Essa é a premissa de In The Heights.

Usnavi (Anthony Ramos) é o dono de uma pequena loja de conveniências que gerencia ao lado de seu primo mais novo, Sonny (Gregory Diaz IV), mas seu sonho é voltar para a República Dominicana onde foi verdadeiramente feliz e pode retomar os sonhos de seus falecidos pais em reabrir o quiosque da família. Seu melhor amigo, Benny (Corey Hawkins), trabalha no rádio local onde noticia os acontecimentos e ajuda a população quando algo acontece. Rádio local que por sua vez é uma propriedade dos Rosario, Kevin (Jimmy Smits) e sua filha Nina (Leslie Grace) que está retornando da faculdade por um período indeterminado. Também transitamos no salão de cabelereiras e manicure da icônica Daniela (Daphne Rubin-Vega), ao lado de Carla (Stephanie Beatriz), Cuca (Dascha Polanco) e Vanessa (Melissa Barrera). Sentiu o peso desse elenco?

O filme é narrado através da contagem regressiva até o grande apagão que assombrou Washington Heights.

Originalmente um musical da Broadway que foi indicado ao Tony Awards em 13 categorias das quais ganhou 4, incluindo a principal de Melhor Musical, In The Heights narra uma história sobre esperança, família, amizade e amor da melhor forma possível: cantando e dançando.

É um musical para fãs de musicais, não vá assistir esperando muitos diálogos não-cantados porque essa não é a proposta de In The Heights. A música desde a primeira cena é mencionada como a alma deste bairro, e isso se prova verdadeiro até a última cena.

Assim como no musical original, o ponto alto do filme está nas mãos das músicas 96,000, Blackout e a mais aclamada entre todas segundo a fonte: eu, Carnaval Del Barrio, que acontece após o apagão e restaura a esperança da população em morar em um bairro que mesmo super aquecido pelas temperaturas extremas e sem luz, ainda consegue se reerguer e festejar com o que tem à disposição.

“Desde quando os latinos têm medo do calor?” canta Daniela.

Mas a carga emocional fica absolutamente nas mãos de Paciencia y Fe e Alabanza, ambas performadas ou com referência à personagem de Olga Merediz, a avó postiça de praticamente todo o Washington Heights, Abuela Claudia, que inclusive dá vida à personagem em ambos, filme e musical da Broadway, e carrega a força da nostalgia em presentear os fãs mais antigos com os momentos mais coloridos e emocionantes do filme.

Aliás, se vamos falar sobre presente aos fãs, não existe a mínima chance de pular para o próximo assunto sem mencionar a participação do próprio Lin-Manuel, desta vez como o vendedor de rua Piragua, em seu ato solo trazendo a participação também de Christopher Jackson, que trouxe à vida Benny no musical da Broadway e agora retorna como o concorrente “de luxo” de Piragua. Amigos de anos, Lin trabalhou ao lado de Christopher em ambos In The Heights e Hamilton, sendo uma referência incrível para quem conhece as histórias (aliás, Hamilton? Eu ouvi o ritmo de uma certa música sua lá em In The Heights também viu rs).

É impossível também não se apaixonar pelo carisma de Anthony Ramos como Usnavi. Se você é um seguidor fiel dos musicais, conhece-o por seu papel como amigo da Ally (Lady Gaga) em Nasce Uma Estrela e o jovem John Laurens e Philip Hamilton na formação original de Hamilton. Desde então ele vem sendo uma das maiores estrelas em ascensão no mundo musical e Em Um Bairro de Nova York apenas comprova que ele veio para ficar.

A recepção da crítica está sendo ótima e não tem como não ser, levando em consideração que prestei bastante atenção também às reações na sessão em que eu estava e no momento de rir era unânime tanto quanto no momento de (tentar) segurar as lágrimas. Era claro como estavam todos no mínimo contentes com o que assistiram.

É um filme que implora para ser visto no cinema e é uma pena que isso não é recomendável no Brasil por enquanto. Por isso, se optar em esperar o HBO Max chegar aqui no próximo dia 29, apague as luzes, faça pipoca e coloque o celular de lado, viva a experiência deste filme o máximo que puder, porque é uma viagem de extrema qualidade à Washington Heights e à cultura Latina (inclusive, tem até uma bandeirinha sutil do Brasil no filme!)

Em Um Bairro de Nova York chega aos cinemas em 17 de Junho e no HBO Max em seu lançamento por aqui no dia 29 sob direção de Jon M. Chu (Podres de Ricos).

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