Sem data prevista para o seu lançamento e com forte backlash, Shang-Chi ainda não chegou às telas da China e arrisca ser barrado na maior bilheteria do mundo.
Shang-Chi, é o primeiro filme com protagonista e extenso elenco asiático da Marvel, e estreou no mundo todo no dia 3 de setembro deste ano, mas ainda não teve sua data prevista de estreia confirmada na China. A Marvel vem enfrentando grandes desafios para assegurar uma data de lançamento em território chinês devido ao backlash do público e do estado, que julgam o personagem uma péssima caracterização da cultura chinesa, não apenas pelo passado racista e xenofóbico das HQ’s.
“Shang-Chi” é racista?
Shang-Chi primeiro apareceu em “Special Marvel Edition” #15, no ano de 1973, visando lucrar em cima da crescente popularidade dos filmes de kung-fu e outras artes marciais nos Estados Unidos. As primeiras revistas em quadrinhos de Shang-Chi contavam histórias recheadas de clichês, estereótipos com visões distorcidas e xenofóbicas, e que desumanizam a população asiática, especialmente a chinesa, contando até com um Shang-Chi de pele completamente amarela.
Com o tempo Shang-Chi foi deixado de lado e esquecido, juntamente com muitos outros personagens e decisões vergonhosas que as antigas HQ’s da Marvel continham. Mas com a crescente adição de personagens mais diversos ao universo cinematográfico, a Marvel viu aí uma oportunidade de se “redimir” e criar uma história completamente nova para o personagem, tudo a partir de um nome já estabelecido no universo dos quadrinhos.
Por que a China parece não gostar de Shang-Chi?
Mesmo com a reformulação, Shang-Chi ainda carrega uma história de racismo e xenofobia que não foi esquecida, tanto pelo governo, quanto pela população chinesa. Muitos ainda veem o personagem como uma personificação da exploração da cultura chinesa feita apenas para o lucro dos Estados Unidos.
E não para por aí. O personagem Mandarim substitui a presença de Zheng Zu, que também é considerado problemático, já que ambos têm passados igualmente xenofóbicos. Juntamente, dados os conflitos políticos entre China continental e Hong Kong, o fato de Xu Wenwu (o Mandarim) ser interpretado por Tony Leung (um ator de Hong Kong), se torna apenas mais um pingo de chuva numa tempestade tropical. E como se esses não fossem motivos o suficientes, um vídeo de 2017 que marcava os 150 anos do Canadá, onde Simu Liu, o ator protagonista, descreve a China comunista como um “país de 3º mundo onde as pessoas morrem de fome”, veio à tona e não melhorou muito a situação.
Não é difícil de se entender o porquê cada uma dessas coisas se tornaram motivos de backlash. Todos esses acontecimentos deixam tanto o governo chinês, quanto os espectadores chineses, receosos de que o filme como um todo não seja uma boa representação da cultura chinesa.
A resposta da Marvel
Kevin Feige tentou falar sobre o backlash relacionado ao vilão, mas não teve muito sucesso. Em uma conversa com Raymond Zhou, crítico de filmes chinês, Feige explicou que o personagem Zheng Zu não foi utilizado, e não vem sendo utilizado pela Marvel a décadas. Ele também reafirmou que Xu Wenwu, pai de Shang-Chi, é um personagem novo, sendo ele o verdadeiro Mandarim, e que ele seria retratado com muito mais profundidade e complexidade do que o personagem dos quadrinhos. Quanto a polêmica de Simu Liu e seu vídeo de 2017 para o governo canadense, ainda nada foi dito.
O que nos resta é esperar para ver qual será o futuro de Shang-Chi nos cinemas chineses. Além do backlash, a pandemia de COVID-19 ainda está acontecendo e é um dos maiores obstáculos para os espectadores que vão aos cinemas ao redor do mundo inteiro. Contudo, se a Marvel irá perder a grande bilheteria do Reino do Meio ou não, isso ficará nas mãos dos avaliadores de conteúdo do governo chinês.
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