O enredo de Não Olhe Para Cima é bem interessante: dois cientistas descobrem um cometa gigante que que irá destruir o planeta Terra, mas as autoridades fazem pouco caso e buscam varrer o problema “para debaixo do tapete”. Depois dos últimos anos, essa história não parece tão distante da realidade, certo?
O poder da sátira dirigida por Adam McKay (A Grande Aposta e Vice) era exatamente escancarar essa realidade, mostrando como a ciência é desprezada e os lucros são colocados acima da vida em um cenário de ameaça global.
Enquanto isso, a mídia é criticada ao dar mais ibope para as celebridades e a opinião pública se divide entre “time apocalipse” e “time negacionista”.
Fazendo parâmetros com problemas reais, especialmente o aquecimento global, McKay traz diálogos espertos e críticas sobre temas pertinentes. Porém, o filme falha em sustentar uma narrativa concreta em meio ao elenco de estrelas e esses debates acabam sendo ofuscados.
Além de Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence protagonizando o longa, temos Meryl Streep sendo a presidenta alá Donald Trump, Mark Rylance como uma versão fictícia de Elon Musk, a participação de Ariana Grande como uma popstar traída, Cate Blanchett e Tyler Perry comandando um programa de TV, entre outros.
O grande número de atores não precisava ser um problema para um filme com mais de 2 horas de duração, mas ao tentar dar destaque para todos, a trama fica confusa e perde o foco principal. São muitos acontecimentos que acrescentam pouco à narrativa, como o affair entre DiCaprio e Blanchett, por exemplo, além das intervenções cômicas exageradas que tornam qualquer discussão rasa.
O filme deveria ser sobre o desafio que os cientistas enfrentam para obter credibilidade em meio às distrações midiáticas e políticos mais preocupados com a própria reputação, mas a ciência acaba ficando em segundo plano para dar espaço à uma comédia que não incomoda poderosos e tampouco gera reflexões sobre assuntos sérios.
Não Olhe Para Cima está disponível na Netflix.
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