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O Poderoso Chefão | Celebre os 50 anos

Tã nã nã nã nã nã nã…….

Já sabe de qual filme estou falando?

E se eu disser “deixe a arma, pegue o cannoli”, “mantenha seus amigos próximos e seus inimigos mais ainda” ou até então “você quebrou meu coração, Fredo!” você já sabe?

Agora, você sabia que ninguém acreditava no sucesso do filme durante a pré-produção? Francis Ford Coppola achou o livro escrito por Mario Puzo ruim e longo demais, com detalhes de histórias doidas e irrelevantes, isso até a história ser adaptada para o cinema pelo próprio Coppola.

Durante as filmagens houveram muitas dúvidas, clima tenso e intrigas entre atores e direção e produtores, a Paramount não gostou do nome de Al Pacino para seu papel de Michael Corleone além de não ter Coppola como sua primeira, nem segunda, opção para dirigir o longa. Ambos quase foram demitidos durante a filmagem.

A trilha sonora foi feita por Nino Rota, compositor alemão conhecido por também trabalhar com Federico Fellini e Luchino Visconti. As notas da trilha são até hoje instantaneamente conectadas com a Itália, mais precisamente a máfia.

A cinematografia é fortemente focada em sombras, há partes claras e puras e partes escuras e más em nossa alma. Podemos observar isso bem na iluminação de Michael Corleone, personagem que começa o filme querendo se desvincular dos negócios da família, ele busca sua paz e honra ao lutar contra a Alemanha nazista dos anos 40 e namorando uma boa moça americana, inocente, professora, que mal entende sobre a família Corleone. No começo do filme, durante o casamento, Michael está quase que fugindo da família, tendo conversas com sua namorada sob o sol do importante dia. Algumas cenas depois, ele compra presentes e curte sua amante sob várias luzes de natal. Ele é iluminado, do mundo, luta pela pureza de sua alma, ou o que ele considera bondade. Em um dos pontos de virada de sua vida, assim que encontra e tem um conflito com o Oficial McClusky, figura de autoridade corrupta, enquanto tenta proteger seu pai, figura violenta, porém amorosa, e leva um soco do mesmo, deixando o rosto de Al Pacino literalmente escuro, roxo e preto, hematoma visível até o final do filme. Quando decide assassinar Sollozzo e McClusky, ele senta na cadeira do escritório assim como seu pai. A iluminação é bem mais fraca. A escuridão continua a o seguir enquanto ele os mata, acompanhado de um forte barulho de um trem descarrilhado, e volta a assombrar quando volta para os Estados Unidos, sem Apollonia.

As sombras já foram abordadas em filmes noir e do expressionismo alemão em preto e branco, porém ninguém ficou conhecido como o Príncipe da Escuridão assim como Gordon Willis, que conseguiu tão artisticamente e profundamente colorir as duas horas e meia de filme. Paramount, a produtora, não gostou do resultado das imagens, com medo do público não se acostumar com a escuridão que não estava presente normalmente em filmes da época. Durante a cena emocionante onde Don Corleone sente pela morte de Sonny, podemos ver como a podridão do ofício corroeu sua vida, sua saúde, sua amada família, seu menino. Sonny não tem o interior obscuro, por dentro ele é paixão, até inocente de uma forma, enquanto seu exterior é raivoso.

Haviam outros durões mafiosos antes do Poderoso Chefão, mas nenhum com tanta profundidade quanto a complexidade dos personagens dessa trilogia. Antes, mafiosos raramente eram ítalo-americanos, e sim caipiras.

A família Corleone tem seus princípios como sua principal base, o Don até se arrisca entrar em guerra para não querer entrar no ramo das drogas, assim como a extrema importância de passar tempo com a família e colocar eles em primeiro lugar. A amizade é valorizada (ou então, a troca de favores), a honestidade e o cumprimento de promessas. Há regras e valores que nesse universo, para essa família, te fazem um homem de verdade. O autocontrole, a sabedoria, inteligência. Todas essas qualidades são colocadas na balança contra os crimes mais brutais imagináveis de violência, assassinato de inocentes e não-inocentes, animais, tortura, suborno, pressão psicológica, corrupção, prostituição, entre outros. Porém, todas essas medidas são estipuladas por motivos, egoístas ou não, como no começo, Vito Corleone se nega a matar por vingança alguém que não matou a vítima antes. É importante, pelo menos para Vito, não necessariamente para Michael como Don, que seja devolvido na mesma moeda.

Essa complexidade entre o mal e o bem desperta extrema curiosidade e prende nossa atenção, isso sendo uma breve explicação do porque há tantos documentários, filmes e podcasts sobre crimes. Gostamos de tentar entender o ruim, flertar com o proibido, desvendar atos que são incompreensíveis, mesmo sendo comuns. Buscamos respostas, explicações, para tentar sanar suas dúvidas a pensamentos intrusos ou pura curiosidade maluca, natural, humana. A fluidez entre o ético e o imoral dos personagens nunca foi igualado com tanta maestria igual feito em Poderoso Chefão. Outros assuntos do nosso dia-a-dia são abordados, como sociedade, família ou pautas políticas como o pós segunda guerra mundial, capitalismo, Estados Unidos e o sonho da imigração, masculinidade, dinheiro, poder, tradição, ética. O filme, apesar dos apesares, parece não envelhecer, talvez porque assim como pontuado no artigo do El País: “o capitalismo se tornou cada vez mais mafioso”. Outra arma poderosa da narrativa é o glamour e conforto que vem com o dinheiro da família, que é desejo de qualquer um.

Apesar da incerteza da Paramount, e para a surpresa até dos atores, o filme foi um sucesso, arrecadando em sua estreia US$230 milhões e depois de sua estreia, quase 40 vezes a mais do que seu orçamento de US$6 milhões. Os clássicos também ganharam ao todo 28 indicações ao Oscar, colocando até os atores principais (Al Pacino, Robert Duvall e James Caan) para disputarem entre si pelo mesmo prêmio.

Nos últimos anos, o filme foi remasterizado em 4K para as telonas e hoje, tem espalhados pelo Brasil sessões do filme. Certamente, assistir um dos melhores filmes da história no cinema é uma oportunidade imperdível.

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