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Crítica | Recomeço

A nova minissérie da Netflix, é um clássico clichê de romance, daqueles impossíveis (ou quase) de acontecer na vida real, com direito a todos os ingredientes: Um amor nascido do acaso nas ruas de Florenças, paixão à primeira vista, beijo na chuva e a partida de um por alguma doença rara. Mesmo com a fórmula pronta e milhares de outras opções no catálogo, From Scratch ainda consegue ser tocante em suas nuances.

Baseada no best seller de memórias “From Scratch: A Memoir of Love, Sicily, and Finding Home”, escrito por Tembi Locke que perpetua nas páginas sua história de amor com Saro Gullo, a série conta com Zoe Saldaña no elenco.

A escolha de ser uma minissérie dividida em 8 episódios funcionou muito bem. No formato de longa os acontecimentos seriam tratados de forma apressada. O timing dos episódios também foi bem executado pela showrunner Attica Locke, irmã de Tembi. Com os eventos divididos em atos, passando pela paixão, doença e luto.

Paixão

Os primeiros episódios discutem a aproximação de Amy (Zoe Saldaña) e Lino (Eugenio Mastrandrea). Um encontro com muita química entre personagens e atores desde o início. O que fluia com perfeição dá lugar à dificuldades, a começar com a relação interacial do casal.

A problemática foi abordada com o apelo racial do lado da Amy, enquanto mulher negra, norte-americana. Que é também mal vista pela família, principalmente por seu pai advogado, que não vê futuro estável para a filha que tem o sonho de estudar e viver da arte. E para Lino, o apelo fica concentrado na xenofobia. Um italiano, que saiu da pequena vila na Sicília, desistindo de estudar literatura, mas decide ser chef de cozinha. Seu pai se volta contra ele quando se muda para Florença. Na “cidade grande”, não é bem vindo por sua origem.

Esses aspectos caminham entre os episódios até o fim. Um encontra refúgio no outro, e mesmo diante dos problemas, vivem uma plenitude, se casam e os empregos fluem. Após a calmaria, obviamente, vem a tempestade e é nesse looping que passam a viver.

Doença

Quando o câncer chega na vida do casal, nós – enquanto espectadores – percebemos o quanto a união do casal atingiu as pessoas ao redor, garantindo relações pacíficas entre (quase) todos. Perdão e novas formas de enxergar a vida é o grande foco deste ato.

Luto

Caminhando para o fim, na terceira e última etapa a perseverança flui, assim como o medo e a despedida. Nesse momento retornamos ao começo: olhares de julgamento, racismo e histeria. Mas é importante destacar o luto individual de cada um, além de provar que um relacionamento que “tinha de tudo pra dar errado”, impactou todos no entorno.

De modo objetivo, as transições são bruscas, mas não prejudiciais. A série é composta por pequenos eventos fundamentais para o desenvolvimento, mesmo com grandes saltos temporais e simplicidade na solução de alguns conflitos.

Saindo da trama, a fotografia merece grandes elogios. O brilho e cores de Florença, capital da arte, não foram perdidos quando migramos para o ar cinzento dos Estados Unidos, ainda há beleza ali.

Falando de romances italianos, não poderia faltar uma bela gastronomia e música. A cada instante, há um prato diferente para anotar no bloco de notas e pedir na primeira cantina que encontrar. A trilha sonora passa pelo soul music, tradicional para a família de Amy. E o modernismo do pop italiano, com poucos clássicos aparecendo em momentos simbólicos, como o casamento.

A trama é uma possibilidade de ver uma história sem o apelo adolescente tratado em algumas franquias. Além de ser uma ótima oportunidade de ver Zoe Saldaña parlando italiano.

From Scratch está disponível desde 21 de outubro na Netflix.

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