A Razão do Amor: o enemies to lovers que vai conquistar seu coração

[Contém spoilers]

Se você leu A Hipótese do Amor, livro de estreia de Ali Hazelwood, já sabe o que esperar de A razão do Amor: um romance clichê, daqueles que te faz se apaixonar junto com o casal de protagonistas. Uma leitura fácil, deliciosa e, muitas vezes, previsível – o que, para mim, não é necessariamente negativo.

Publicado no Brasil pela Editora Arqueiro, A razão do Amor conta a história da Dra. Bee Königswasser, uma neurocientista que recebe a proposta de co-liderar o projeto da NASA que é literalmente a realização de seu maior sonho após anos de sofrimento acadêmico. O problema? O outro líder é seu arqui-inimigo Dr. Levi Ward.

Os dois se conhecem desde a faculdade. Ela estava iniciando o doutorado quando Levi estava apresentando sua dissertação, mas ele fez questão de deixar claro o quanto não queria estar sequer no mesmo ambiente que Bee. Então, curiosamente, se reencontram anos depois tendo que dividir uma responsabilidade de investimento multimilionário que pode mudar os rumos da carreira dela.

Sim, é um enemies to lovers. Sim, é um plot de fanfic. E é isso que eu mais amo nos livros da Ali. É como se ela misturasse todos os plots típicos de uma história tirada diretamente do ff.net – a mocinha sofre um acidente e precisa ser carregada pelo mocinho; os dois dividem uma casa; ela usa as roupas dele para dormir; a apatia do mocinho é, na verdade, uma paixão reprimida – em apenas um livro.

E você já sabe o que vai acontecer. Eles vão se apaixonar um pelo outro e viver um romance tórrido com cenas +18 gostosas de serem lidas. Isso enquanto lidam com suas próprias inseguranças e com os desafios da ciência. Essa “receita” também é usada em A Hipótese do Amor, mas engana-se quem acha que os livros são iguais.

A personalidade da protagonista dá um toque de humor especial. Bee tem piercings, tatuagens e cabelo roxo – distante do estereótipo “nerd” que sempre vemos. Ela é sarcástica, divertida, vai atrás do que quer e está disposta a defender suas ideias, menos quando o assunto é amor. Na verdade, ela acabou de sair de um relacionamento, está com a confiança abalada e tudo o que quer é encontrar um lugar a qual possa pertencer sem ter o coração partido.

Ela também tem um alter ego no Twitter. Usando um pseudônimo de Marie Curie, sua maior ídola e pioneira na pesquisa sobre radioatividade, ela administra em segredo uma conta para ajudar outras mulheres cientistas extravasando sua revolta com vários temas essenciais, como os processos de admissão na pós-graduação.

Os personagens serem estudiosos da área de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) também é a deixa para expor problemáticas reais do ambiente acadêmico. A personagem precisa lidar com o machismo cotidiano da Pintolândia®, como chama grupos de laboratório formados apenas por homens, e com a desvalorização das neurocientistas perante profissionais de outras áreas, mais especificamente os engenheiros.

É fácil me identificar com essas situações quando eu mesma sou uma pesquisadora de Comunicação, ainda mais porque a autora não encontra soluções mágicas ou cria um mundo ideal só por ser um livro de ficção. Levi precisou intervir e ressaltar a inteligência e potência de Bee em vários momentos para que os outros profissionais parassem de subestimá-la apenas por seu gênero – não é ideal, mas acontece.

Foi exatamente quando percebi que o próprio Levi não a diminui como cientista (muito pelo contrário) que toda a dinâmica mudou. Comecei a desejar com todas as forças que Bee notasse logo que o jeito distante do pesquisador tinha um significado por trás e me diverti mais do que deveria com as interações. Sentia como se ela fosse aquela amiga que precisa de um “sacode” para perceber algo que está bem na cara dela. Felizmente, a ficha caiu.

E que ficha! Se ela é fora do padrão, ele é muito o padrão. Forte, alto, atlético, com olhar penetrante e extremamente gentil. Do tipo que larga tudo quando a amada está com algum problema, mesmo se esse problema é ficar presa em um cemitério depois das 18h. Resumindo: o típico personagem masculino pelo qual é difícil não ter uma queda.

O final tem um twist interessante e inesperado com um problema que foge do romance. Sim, Ali é uma daquelas autoras que deixa a gente curtir a maior parte do livro e lá para os 80% tudo vai por água abaixo. Porém, a resolução é rápida o suficiente para ter aquele “e viveram felizes para (quase) sempre” que te deixa com gostinho de quero mais. Quem sabe algum dia não seremos presenteados com um conto sobre o futuro de Bee e Levi? Não custa sonhar.

Compre aqui e ajude o The Feminist Patronum a continuar crescendo!

Deixe um comentário

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s

Uma vez
Mensal
Anualmente

Faça uma doação única

Faça uma doação mensal

Faça uma doação anual

Escolha um valor

R$5,00
R$15,00
R$100,00
R$5,00
R$15,00
R$100,00
R$5,00
R$15,00
R$100,00

Ou insira uma quantia personalizada

R$

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Agradecemos sua contribuição.

Faça uma doaçãoDoar mensalmenteDoar anualmente

Site criado com WordPress.com.