Quão importante é falar sobre força, mas falar sobre fraqueza é tão importante quanto.
O segundo livro de Rayane Leão, Jamais peço desculpas por me derramar: Poemas de temporal e mansidão (Planeta, 2019), traz à tona e valoriza a ambiguidade entre força e fraquezas das mulheres negras. Regado com fortes socos no estômago através das palavras da poeta em contraponto com as delicadas ilustrações que embelezam as páginas.

Nós, enquanto mulheres negras, nos cobramos muito sempre ser melhor, surpreender quem está ao nosso redor e superar nós mesmas, e tudo isso sufoca o espaço de dor e fraqueza que temos, o que muitas vezes nos deixa sozinhas e sem saber o que fazer.
As palavras de Ryane Leão transbordam a riqueza que é ser mulher preta. Com uma sensibilidade poética linda, ela passa por todas essas fases: da mulher guerreira e forte, à frente do seu tempo, trabalho, casa ou família. Mas a mulher independente, dona de si e cheia de fé. E à mesma medida, nossas lágrimas, a solidão, a ausência. Que faz parte do nosso ser e não deve ser escondido, sufocado.
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